"Suas mãos grossas pousavam-se em meus quadris me agarrando com força de mais. Iria ficar roxo. Mamãe não sabia disso, e nunca iria saber. Era vergonhoso pensar em contar-lhe tal fato. Tio Antonni, o mais querido de toda a família. Ninguém nunca imaginaria nem uma das banalidades que o mesmo fazia. Eu o apelidei de Tio Ni, mas todos o chamavam de Tonni. -- Tio Ni, está doendo. -- Reclamei. -- Já vai passar, princesinha. -- Me tranquilizou. Tinha 9 anos quando tudo começou. Eu chorava pedindo para ele parar e torcia para que Dona Martina, minha mãe, chegasse a tempo de me salvar. Mas do sótão não se ouvia nada além de ruídos, mesmo eu gritando de dor e desgosto todas as vezes que Tio Ni me arrastava para lá. Eu amava quando ele me beijava. Sua língua era saborosa e macia em minha boca, Titio era bruto e temperamental, mas ele era meu. O melhor e só meu Titio Antonni. Eu o amava mais que a qualquer um, mas me iludi. Adoro aquele ditado que diz que: Vingança é um prato que se come frio."