Gabee Cárter é uma amante da arte e de todas as suas nuances. Filha do reverendo Cárter, a garota colorida tem andado numa linha reta e pontilhada.
Contudo, a aproximação repentina com o dono do destinatário das suas cartas antigas, escritas quando criança, parece empurrá-la de um abismo e mandá-la colidir a passos largos com Philip Scott Coleeman, o menino que ela conhecia: O garotinho das pontas dos dedos sujas de grafite, dono das bochechas avermelhadas e olhos dourados megareluzentes.
Já Colee, vê o mundo sem saturação, todos os seus rabiscos lúgubres e tediosos.
Cético e desprovido de paciência, o rapaz sabe que a última coisa que ele precisa no semestre é o acontecimento mais clichê e irritante de todos: Se aproximar de Gabriella Valerie Cárter por causa de um trabalho em conjunto;
Porque ele se lembra dela, mesmo que da sua maneira prosaica e distorcida: Ele se lembra da garotinha quase albina e desastrada, de cada centímetro de tosquisse melódica sobre o poder do amor, dos coturnos surrados, das manchinhas nos olhos azuis-esverdeados, do cheiro de bala de café e de naftalina.
E ele não a deseja por perto.
Mas é possível que bem lá no fundo, a vontade de encontrá-la seja maior do que a de fugir dela. Talvez ele a enxergue, e justamente por enxergá-la ele saiba que dentre as coisas mais bonitas e extraordinárias, para ele, ela é a mais bonita e mais extraordinária de todas.
N.P - 2021.
❛Rainha da pista que conquista quem passa
Quente como o sol e faz sinal de fumaça
Quando vai embora tudo fica sem graça, sem graça
A saia dela diz onde ela quer chegar
Difícil é saber como me aproximar
O que será que ela tem pra dar
Lança um vestido, gata, aquele mesmo que veste irado
Hoje eu te quero deste lado, bebendo um destilado
Whiskey, champagne, energético com vodka
E já que me deu o número, é certo, hoje eu vou discar ❜