Enquanto ela chora ao telefone, esbraveja e tenta me convencer que eu sou o pior dos seres. Enquanto isso eu escuto música e escrevo esse texto. Talvez eu seja mesmo o pior dos seres... Mas atualmente, agita em mim a febre e a necessidade de escrever. Ela me rasga de fora a fora com suas verdades nuas e cruas. É verdade que pagamos pelos nossos pecados porque outrora eu quem costumava ser assim. Sofrimento? Quase não tenho mais. Sou só uma nulidade de quereres com uma vasta gama de deveres. Ela me secou. Ela faz ameaças de não me procurar mais. Confesso que às vezes rezo por isso, mas só quando, de repente, surge uma ponta de eu novamente. Considera que a humilho, piso. Mas eu não consigo nem responder. Tamanha é minha anulação de mim mesma. Já não quero nada, não gosto de nada, nem de ninguém. Já não busco amores, amizades ou sentimentos sublimes. Sou um nada ambulante que já esteve melhor. De fato.