Pietro, um jovem vazio, cheio de saudades. Poemas à parte, seus amores são artes. E suas ilusões, turbilhões de desastres. (Versão alternativa) Era um garoto que foi vários caras diferentes. Um garoto que nem sequer gostava de ser chamado de garoto. Indiferente para alguns, estranho para outros. Ele que por muito tempo quis ser garoa, descobriu a tempestade que havia dentro de si. Achava que ter um pedaço de papel e algo que escrevesse na mão, resolveria tudo. Seus problemas, suas angústias, seus medos. De fato, sempre resolvia. Não os problemas do mundo ou dos seus pais, mas os dele. O mundo já era caótico demais para ele tentar mudar algo pelos outros. Um pouco egoísta. O pequeno príncipe egoísta. Para ele, ninguém tinha culpa de nada, dele ser assim, das pessoas serem assim, de ele odiá-las. Era um mistério. Mas era simples. Ele só era vazio demais para ser alguém. E apesar de toda a inexistência existente em si, um dia sonhou que suas palavras dilaceradas na folha de papel seriam lidas por pessoas de todos os cantos, todos os jeitos, todas as cores. Mas era só um passatempo. Um dia de bobeira na varanda da sua casa, ele brincou de escrever uma carta de despedida para tudo. Sem motivos. Apenas brincou. Riscou pra lá e pra cá como se estivesse brincando com as palavras que escrevera naquela hora. Para ele era fácil. Conseguia fazer as pessoas sentirem um aperto no peito apenas com a junção de letras e vírgulas e pontos e... e tudo que podia ser chamado de escrita. Ele brincou sério. Chamou a brincadeira de despedida. As regras eram simples, ele escrevia, colocava numa carta que era para ser entregue à seu amigo imaginário e apenas partia. Para onde? Para o mesmo canto que irá essa última palavra.