Quando eu era pequena sempre passava por ele e ficava admirando os seus balões. Faça chuva, ou sol, este vendedor sempre estava no parque da Redenção em Porto Alegre, vendendo suas mercadorias, sorrindo para cada criança que passava por ali. Afinal de contas, eramos seus futuros clientes.
Na época ele também vendia bolas gigantescas que uma criança mal conseguia segurar. Lembro que em uma tarde, minha mãe comprou um de seus balões. Era um peixe enorme, mais parecia uma carpa. Tinha tanto gás que ele flutuava contra o céu azul. Ele amarrou o barbante no meu pulso e eu voltei saltitante para casa, exibindo o meu peixe voador pela cidade, provocando ciúmes em outras crianças. Ah, quanta felicidade.
Porém, tudo isso durou pouco, o barbante soltou do meu pulso e o peixe foi voando em direção a uma árvore e logo depois para o céu. Eu gritava e chorava: - Mamãeeeeee...pega um avião e vai buscar meu peixe, não quero que ele nade no céu. Ele não sabe nadar no céu, ele vai MORRERRRR.
Gentilmente minha mãe se abaixou para ficar do meu tamanho, passou a mão na minha cabeça e falou: - Calma Bruna, domingo que vem te dou outro balão.
Minha mãe não entendia o que aquele peixe, em poucos minutos, representou na minha vida e eu entendia muito menos quando seria domingo que vem. Eu estava programando altos papos com ele quando chegasse em casa. Assim ela (minha mãe) poderia ler o seu jornal sem a minha interferência, e eu conversar com meu amigo peixe em paz. Tentei convencer minha mãe de voltar e comprar outro, mas, nada feito. Estávamos mais perto de casa do que do parque, teria que ficar para o tal domingo que vem mesmo.
E assim, fomos caminhando devagar em direção a nossa casa, em um domingo de verão, com a brisa quente batendo em nossos rostos. Logo eu troquei meu amigo peixe por um delicioso sorvete.All Rights Reserved