Congelar o Tempo
(Prosa Poética)
Encontrei o Tempo numa esquina.
Havia tanto Tempo que não o via!
Não me canso de olhar seu encanto
Depois de tanto tempo que passou...
Nela abraçada, baixinho eu perguntei:
- Como faço pra voltar a Ti, Tempo?
Queria tanto algumas coisinhas voltando...
Meu uniforme de pregas com gravatinha,
Cadernos enfeitados com florzinhas,
Pão quentinho na hora da merenda...
O Tempo apenas me olhava.
- Mas eu queria tanto, Tempo...
Usar aquele vestido cheio de pedrinhas
Que se soltavam a cada passo que eu dava,
Queria ficar à janela daquele casarão
Com minha peculiar carinha de boba iludida,
Só olhando a Lua, aquela amiga íntima...
Treinando versinhos no pensamento...
O Tempo apenas me olhava.
- Mas eu queria tanto, Tempo...
Oferecer o meu peito aos meus filhos,
Levá-los na escola, fazer dever de casa.
Cozinhar macarrão colorido, ir ao circo.
Deixá-los correr nos parques de novo
Enquanto devorava livros bonitos...
O Tempo apenas me olhava.
- Mesmo que eu ainda queira, Tempo,
Tu me deixaste e foi embora, tão rápido!
Nem deu tempo de congelar
Todo aquele Tempo no meu Tempo.
O Tempo olhou-me, então e respondeu:
- Pra que se importar comigo, menina?
Viva o Tempo, que é todo teu, o tempo todo...
Sonia R. Sancio Landrith (Sunny Landrith)
Em "Festa do Pijama" os poemas são carregados de metáforas para explicar a ansiedade e a depressão e como passar por períodos em que tudo parece desinteressante e sem esperança.
Ao contrário do que a capa sugere, a única medicação da qual o livro faz uso são as palavras para expressar medos, anseios e frustrações. "Festa do Pijama" não é um livro obscuro, mas traz luz e reflexões sobre as vulnerabilidades habituais humanas.
Destaques para "Festa do Pijama", "Peter Pan", "Coroa", "Interruptor", "Meu Quarto", "Café", "Rapsódia Ansiolítica", "Nu", "Monstro No Corredor" e "Sangue Seco".