Súbita

8 de agosto de 1995
5 da manhã, quem sou eu de verdade?
Sou uma mistura de sentimentos, dúvidas, intrigas, lutas, criaturas peculiares.
Eu não sou um nome, uma altura ou um lugar.
Eu sou alguém.
Alguém que acordou em um lugar onde os meus maiores medos se libertaram, nos últimos dias, que mais parecem meses, ou são meses, eu realmente não sei. Eu perdi a noção do tempo assim como perdi a noção de tudo. Eu não sei como isso foi acontecer, mesmo com todos os problemas eu me considerava feliz mesmo com todas as bigornas que choviam e me esmagavam, agora me sinto doente.
Como um câncer terminal que secou meus labios e uma química que fez cair todos os cabelos do meu corpo. E ninguém sabe, ninguém vê, ninguém nunca irá sentir, pois ninguém está no meu lugar agora.
Os demônios não se escondem mais debaixo da cama e os monstros saíram de dentro do guarda-roupa. Eles perderam a timidez e eu ganhei a fúria, a negligência, o medo.
Eu não sei se o meu corpo vai acabar sendo deteriorado de dentro pra fora e se tornar apenas mais um esqueleto debaixo do chão ou cinzas no oceano, mas eu sei que de algum jeito isso deve acabar.
E acaba agora.
Adeus.

Com amor e dor, Valentina.