O Mágico de Oz, de L. Frank Baum, está para os Estados Unidos assim como Alice no País das Maravilhas para a Inglaterra, ou os contos dos irmãos Grimm para a Alemanha. Desde o início, por sinal, o livro foi comparado ao clássico de Lewis Carroll - e não sem um fundo de verdade. Baum criticava o nonsense do autor de Alice, mas gostava do fato de estar sempre acontecendo alguma coisa, não raro algo inusitado ou meio maluco, o que levava as crianças a serem arrebatadas, e deliciadas, pela história. Era esse entusiasmo que o americano procurava inspirar com suas narrativas. Não encontramos em seus livros os horrores tão comuns aos contos dos irmãos Grimm, que o assustavam quando pequeno; nem histórias de princesas, casamentos ou longas passagens narrativas, que o aborreciam. No lugar disso, o que temos são personagens definidos e moldados mais por ações e reações do que por descrições elaboradas, e uma incrível capacidade de criar atmosferas. Com um texto certeiro, que ele pouco revisava, e no qual quase nunca desperdiça uma palavra, Baum escrevia para crianças, mas nunca de modo infantil. Talvez por isso a história enganadoramente simples das aventuras de Dorothy na maravilhosa Terra de Oz tenha sido um best-seller ao longo de todo o século XX, traduzido para praticamente todos os idiomas, e comece o século XXI no mesmo caminho.
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