Dia 29 de agosto, dia Internacional da Igualdade Feminina. Supreso? Eu também. Não só porque desconhecia a existência dessa data, mas também porque essa igualdade
não existe. Mulheres ainda ganham menos que os homens, ocupam menos cargos de
chefia e tem que lidar com a dupla jornada de trabalho. Então pra quê um dia desse? A
grande questão é: essa história de que "muito já foi conquistado" é pura balela. . O
fato é que continuamos nesse conformismo de "já conquistamos tantas coisas" como
se a situação fosse confortável. Eu quero ter um cargo de liderança. E quero ganhar o
mesmo que um homem por isso. Eu não quero ser obrigada a trabalhar, cuidar de
casa, do marido e dos filhos. Acho que um dos maiores enganos do feminismo foi não
ter divulgado que a igualdade feminina não era apenas em favor de benefícios, mas de
deveres também. Porque vira e mexe aparece algum engraçadinho dizendo que sua
namorada se diz feminista, mas não quer pagar a conta do jantar. Uma coisa é certa:
não dá mais para pensar que feminismo é sinônimo de produção independente,
lesbianismo ou o raio que o parta. Já era, já foi. Isso foi argumento que as famílias
conservadoras da década de 70 que usavam isso para manter as filhas longe do
movimento. Feminismo é para todas e todos. Essa inversão de valores é muito
perigosa, porque coloca em xeque toda a nossa condição, como se tivéssemos culpa
dela, como se tivéssemos a procurado. O feminismo não produziu a dupla jornada, a
sociedade produziu. Mas ninguém é obrigada a aceitar isso. Comece aí na sua casa a
fazer os homens ajudarem um pouquinho que seja, uma louça, uma cama para
arrumar, um jantar para fazer de vez em quando. A igualdade tem que começar em casa!