Em um mundo onde fomos resumidos a trabalho, padronização e controle, o que acontece quando de repente, você acorda e não quer mais estar no mesmo lugar, todos os dias? A fagulha da inquietação atingiu Lu 0145, que decidiu, um dia, que preferia se chamar Luíza - e a sensação só piorou quando percebeu que odiava o trabalho e nem ao menos se lembrava por que estava casada com aquele cara, RW 1675.
Todos os dias, todas as mulheres do Condado 76 acordavam às seis e meia da manhã, levantavam pelo lado direito da cama e usavam pantufas rosas, colocavam seus robes numerados e iam para a janela. Este era só o começo de uma rotina cronometrada para que ninguém saísse da linha, hora nenhuma, então todas as pessoas sabiam: precisavam documentar cada movimento que davam através das fotos rotineiras no aplicativo Instante, uma espécie de evolução do Instagram. Mas Lu, ou Luiza, não queria mais fazer isso...e não sabia por onde começar para, sozinha, driblar o sistema opressor em que o mundo estava inserido em 2076.
Esta é uma distopia onde nossos nomes se tornaram quase placas de carros, e temos todos as mesmas roupas, os mesmos trabalhos, as mesmas reações diárias e absolutamente tudo é controlado via redes sociais. Parece familiar, mas as coisas sempre podem piorar em cinquenta anos.