Olho em volta e estou sozinha, e dentro de mim também.
Eu sorrio, e sempre sou convincente. Palmas pra mim. Sou uma atriz, mas executo o pior papel.
No roteiro da minha própria vida sou apenas uma figurante.
Eu estou lá nos horários certos das tragédias e vejo suas belezas, sorrio e novamente todos acreditam que estou feliz com meu grande nada, afinal não há papeis pequenos, apenas atores pequenos.
E eu sou uma atriz grande, ainda procuro alguém que passe por mim e diga: Pare de fingir sei que quer chorar. Mas, não há ninguém para dizer isso, pois sou uma grande atriz.
Infelizmente não posso trocar meu papel apenas aceitar, e continuar atuando, caso contrário, temo que o destino me tire desta peça. E não há outros convites, nem outros roteiros, só há este espetáculo.
Espetáculo de drama, ação, comédia e horror, um espetáculo completo.
Sorrio novamente enquanto me arrumo no camarim, me pergunto porque ainda me importo, não tenho o papel principal, nem as melhores roupas, muito menos direito de reclamar.
Apesar de tudo ainda atuo, ninguém me parabeniza, pois ninguém sabe o quanto é difícil fingir que estou sorrindo.
Vejo os protagonistas sendo felizes e todos os parabenizam, mas, ninguém nota que eles não precisam fingir. Ninguém nota que eles não atuam, eles realmente vivem. Eles não fingem ser, eles simplesmente são os personagens.
Eu adoraria ser meu personagem mas ele é feliz demais, ele sorri, ele aceita, ele tem amigos, eu não tenho nada disso.
Então me resta atuar.
E torcer para que numa peça seguinte meu papel seja ser eu mesma.
E esperar que um dia alguém olhe nos meus olhos e perceba que enquanto minha boca sorri minha alma chora.
  • JoinedSeptember 26, 2015



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