3

277 42 2
                                    

Abri meus olhos devagar sentindo minha cabeça doer a cada pequena piscada que eu dava. Meus olhos passavam pelo quarto até focalizar no homem de cabelos pretos na minha frente.

- Any? Consegue me ouvir? - o homem disse - Passando devagar uma luz branca nos meus olhos.

Imediatamente tentei levantar, achando que fui levada a um hospício. Mas fui impedida pelo médico.

- Eu sou o doutor Smith, tudo bem? - confirmei com a cabeça e ele continuou - Seu marido está na recepção, foi um pequeno desmaio.

Coloquei minha mão na testa consequentemente na testa quando ele disse "meu marido" parecia absurdo eles terem feito o médico particular dessa idiotice?

- Sr. Smith, eu não tenho idade pra ter um namorado.. eu acho que estou sendo sequestrada e preciso que ligue pra mamãe. - disse colocando minha mão na testa achando que estava com febre.

Seus olhos se arregalaram um pouco e ele pediu um minuto saindo da sala e voltando com duas enfermeiras.

- Any, qual a última coisa que você se lembra? - ele perguntou e eu me encostei no travesseiro.

- Eu fui para escola, tive um dia comum e acabei perdendo a carona de Bailey e aceitei a de Noah. E hoje de manhã estava na casa dele - Respondi e ele continuou anotando na prancheta.

Ele sussurrou pra enfermeira que assentiu saindo da sala apressada. Em pouco tempo minha mãe entrou pela porta e massageando uma mão na outra.

Seus traços pareciam mais cansados como se os anos tivessem passado mesmo o me preocupou.

- Mãe? - Perguntei devagar tentando confirmar na minha cabeça que os anos tinham passado.

Ela sorriu e me abraçou amassando meu corpo no dela. Ela tinha o cheiro típico da minha mãe que sempre me fazia querer dormir por me lembrar quando era criança mas ainda me confundia olhar nos seus olhos.

Isso é uma simulação. Não é?

- Ainda bem que não morreu, Noah quase matou a gente no telefone. Se bem que eu ia ficar com as suas coisas - Uma garota um pouco alta entrou.

Era a Isabela? Não.. era mesmo?

- Quem é você? - perguntei colocando minha mão na testa e piscando enquanto tentava assimilar a minha Isabela com a Isabela que eu via.

- Sua mãe é que não é.. sou a sua irmã estúpida- Disse se encostando na parede.

Minha mãe segurou minha cabeça analisando cada centímetro com os olhos brilhantes. E logo, me dando um beijo no meu nariz.

- Não me assuste assim, quase tive um treco e eu sou muito nova pra morrer- disse sorrindo enquanto se afastava do meu rosto.

- Nova também não.. vamos dizer quase velhinha- minha irmã disse fazendo mamãe revirar os olhos.

- Precisamos conversar sobre o que pode ter acontecido com Any, quero que escute também Senhor Urrea Soares. - Sr. Smith disse depois de um tempo.

Não é possível.

Soltei uma risada, uma nervosa mas não deixei que isso fosse notado.

- Urrea? Eu, Any? Nunca teria o sobrenome sujo assim- disse revoltada com aquilo.

Minha mãe franziu a testa e eu revirei os olhos enquanto ela pegava na minha mão.

- Por que está falando dele assim? - ela perguntou e eu vi Noah pela janela vindo devagar e quando me viu, engoliu seco.

- Ele é um idiota mãe! Me sequestrou e tudo por uma carona - Respondi e ela continuou confusa.

- Any.. você me ligou ontem feliz por vocês estarem se resolvendo, filha o que você tem? - Respondeu e eu que fiz cara de confusão agora.

Noah entrou se encostando na parede ao lado da porta e olhando para os pés.

Isso só pode ser um reality show.

- Senhorita Soares creio que Any Gabrielly está sofrendo de uma perda de memória a longo prazo - Sr. Smith respondeu calmamente.

Merda. Não é possível.

Olhei em volta tinha que ter alguma câmera por aqui, eu estava quase vendo se não estava escondida no jaleco ou na caneta dele.

- O que ela me diz é que só se lembra de estar na escola, ter a carona do Sr. Urrea e acordar na casa dele nessa manhã. - Sr. Smith disse e minha mãe se virou pra mim.

- Any, responda sinceramente em que ano estamos? - Minha mãe perguntou.

- 2012 - disse com convicção.

Noah arrumou a postura olhando preocupado pra mim enquanto.

Sr. Smith abriu o calendário em um celular muito fino e com touch, desde quando isso foi inventado? Só usávamos o Nokia que parecia uma pedra e tinha o jogo da cobrinha.

Ele me mostrou o dia de hoje e eu quase vomitei.

- 2018? O que isso significa?

Eles eram loucos todos, mudavam de aparência, as datas, os celulares era algum sono não é possível.

- Estamos em 2018 Any. - minha mãe disse enquanto eu via seus olhos encherem de lágrimas e Noah sair da sala rapidamente.

Ok.. tá começando a ficar estranho.

- Estão tentando dizer que eu dormi por 6 anos? - perguntei.

Eu só queria minha cama, na casa dos meus pais tomar um banho e amanhã ir pra escola e odiar Noah um pouco mais.

- Não, você não dormiu todo esse tempo- Sr. Smith disse se aproximando.

- Então como esse tempo passou? - Perguntei olhando pra ele em pequeno desespero.

Ele olhou pra minha mãe antes de responder.

- Eles simplesmente sumiram da sua memória. - disse devagar e certeiro.

𝓜𝔂 𝓼𝓽𝓾𝓹𝓲𝓭 𝓛𝓸𝓿𝓮 || 𝓷𝓸𝓪𝓷𝔂 Onde histórias criam vida. Descubra agora