Capítulo 01

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J. D. OLIVEIRA APRESENTA:
HOMENS DE PODER 4: FANTASIAS DO XERIFE

Texas, 1875

Lupe Reed coloca os pés no chão e sente a cabeça rodar feito uma roda gigante em alta velocidade, coloca as mãos sobre a testa larga e desce os dedos pela penugem alaranjada no couro cabeludo. Do outro lado do quarto em um pequeno espelho preso na parede ele consegue vê que suas entradas estão aumentando e daqui a alguns anos ficará calvo como seu pai e seu avô. Está nu da cintura para cima, seu abdômen liso e cheio de goninhos ronca em busca de comida mas Lupe se sente tão mal que nem consegue levantar da cama.

Foi mais uma noite de bebedeira ao lado dos amigos no cabaré de Bertrand seu amigo francês que se alocou no Texas desde sua chegada em 1872, segundo ele, ficou encantado com a rusticidade do lugar e decidiu passar o resto de seus dias ali, abriu o cabaré e trouxe da Europa suas dançarinas pernudas de conga. Lupe, particularmente, já tinha entrado em baixo das saias de todas elas com facilidade assustadora enquanto ao maridos fiéis de suas esposas da cidade do velho oeste ficavam com uma aqui e outra ali, sempre na formalidade para não serem descobertos, eram homens direitos afinal de contas.

Ele tentou, ergueu sua bunda da cama e segurou-se no móvel mais próximo derrubando tudo que estava em cima, outra vez uma tontura o abateu com força. Mesmo zonzo, ele caminhou até o banheiro do casebre, esbarrando em coisas e caindo no corredor com paredes de madeira, assim como o restante da casa. Empurrou a porta do banheiro e caiu de joelhos no chão pondo a cabeça dentro da privada e colocando pra fora uma substância amerela e líquida, era mais bebida acumulada de ontem sendo expelida para fora.

Sentiu-se melhor depois disso, levantou e seguiu até a pia para lavar sua boca e seu rosto, deixou a água escorrer por seu peitoral e enfrentou seu reflexo no espelho. Tinha que ficar bom logo senão a cidade viraria uma terra sem lei e ele era o homem que colocava ordem nesse puleiro, todas as pessoas buscavam por ele quando algo de ruim acontecia pois pedir algo ao prefeito era o mesmo que falar com um cubo de feno.

— Vamos lá, campeão — deu um tapa no próprio rosto — Nada que uma boa xícara de café puro não resolva.

Mas antes de sair do banheiro ele girou o corpo e arriou a calça com a galocha que cairam até seu tornozelo por não estaren presas com o cinto, nunca usava nada por baixo disso, nenhum ciroula sequer, achava coisa de mariquinhas e ele não tinha nenhum pingo disso. Balançou o pau molengo, apontou para o vaso onde vomitou e esperou um esguicho amarelo e fervente sair de seu orifício, uma forte torrente saiu com louvor e ele jogou a cabeça para trás com o alívio de desvaziar a bexiga. Depois jogou um balde d'água para limpar tudo aquilo do recipiente.

Tirou as calças e andou nu pela casa com seu pau balançando de um lado para outro. Se perguntou onde estaria seu cinto de fivela estrelada, apertou a mente para tentar lembrar do que fizera na noite anterior. Na cozinha ele preparou seu café forte para lhe dispersar pro dia longo que teria na intendência da cidade, resolvendo casos, dando fim a brigas e prendendo ladrões de galinhas. No geral velho oeste até que estava calmo nos últimos anos, nenhum caso muito grande ou invasão de cowboys na cidade ocorreu.

Ele seguiu para seu quarto e colocou outra calça jeans, uma galocha sobre ela e um cinto de couro preto, vestiu suas botas e colocou uma camisa xadrez com um colete por cima, seu chapéu de tom marrom e no final ele prendeu sua estrela dourada com bolas em cada ponta e as inscrições "Xerife Lupe" raspadas. Voltou para a cozinha e tomou o café quente de uma vez só rugindo feito um cavalo e pronto para o dia.

Ao sair de casa ele deu uma boa olhada na cidade pacata ao seu redor, mulheres com vestidos de saia bufantes e sombrinhas andavam com seus maridos e as menos afortunados vestiam trapos sobre o corpo correndo por aí, vendendo seus verduras no meio da rua ou em mercearias. Homens com suas camisas xadrez de várias cores outeos usavam camisas lisas mas sempre puxadas para o tom azulado ou branco, pedintes com suas mãos erguidas em busca de moedas para um alimento, crianças correndo pelas ruas largas do velho oeste, banqueiros gordos saindo e entrando do banco e ao longe viu o cabaré de Bertrand.

Série Homens de Poder: Fantasias do XerifeOnde histórias criam vida. Descubra agora