Se mudar para Gotham não tinha sido difícil, o difícil era se acostumar as novas regras de não matar, não usar armas e qualquer outra que Batman ordenasse. Damian já estava ficando estressado, queria mostrar que era digno de ir a luta como um vigilante noturno. Bruce por outro lado, não queria o filho mais novo combatendo criminosos, a atitude inconsequente dele lembrava muito a de Jason. Batman não queria outro Robin morto, por isso pediu ajuda de Alfred e tentou convencer Damian a ficar em casa. O mordomo tentou de tudo para o menor ficar confortável, procurou saber do que ele gostava e descobriu que ele gostava de pintar. Animado, Pennyworth comprou alguns materiais de pintura e desenho, entregou tudo à Damian esperando que ele se acalma-se. Sabia que o menino não sairia mostrando os desenhos que fazia, mas desde que os usasse para desestressar estava bom. Numa noite, o mordomo teve uma pequena "folga" e resolveu dormir cedo, garantindo primeiro que Damian já estivesse na cama. No meio da noite, ouviu um grito e acordou assustado, com a vista embaçada saiu correndo até o local do qual veio o grito. Ao entrar no quarto de Damian, viu o garoto com as mãos na cabeça e lágrimas escorrendo pelo rosto. Foi até ele e o abraçou, houve uma pequena resistência, mas ela não durou muito tempo. O Wayne mais novo abraçou o mais velho com força, ficou nos braços do outro por um tempo que não soube distinguir. Ao se separar, secou as lágrimas que ainda caíam e olhou para o rosto envelhecido.
- Não conta pra ele.
- Não vou. Será nosso segredo. - Sorriu de forma amável.
O mordomo permaneceu no quarto até o menor voltar a dormir, acariciou a cabeça dele e suspirou, o pequeno deveria estar passando por muita coisa. Decidido a fazer alguma coisa, comprou um bicho de estimação para Damian, o animal era um gato e seu nome ficou sendo Alfred. Amou a pequena homenagem, mas se conteve e não deixou que um sorriso enorme surgisse. Com o passar dos dias, Alfred foi aprendendo cada vez mais sobre Damian, descobriu que ele gostava de animais e xadrez. Quando ele morreu, ficou extremamente triste, não conseguia acreditar que perdeu mais uma criança, mas graças a batfamília o menino reviveu. Na primeira noite em que ele voltou, ficou no quarto dele o observando dormir.
- Ele está bem, Alfred. - Garantiu surgindo atrás do mais velho.
- Eu sei, eu sei. - Secou uma lágrima e sentiu braços ao seu redor, correspondeu ao abraço do seu filho de coração. Estava feliz.
Com o passar dos dias, Alfred tentou se aproximar mais e mais de Damian, para sua sorte o garoto não impediu essa aproximação. Damian gostava muito de Alfred e mesmo não contando todos os seus problemas para ele, mesmo não falando muito de suas aventuras, ele ainda o considerava uma pessoa importante. Damian não percebia, ou fingia não perceber, que estava mudando. Viver na mansão Wayne o estava mudando, pouco a pouco evoluía como pessoa, ao perceber ficou assustado, mas decidiu fazer o possível para continuar crescendo. Acompanhando esse processo, mesmo que um pouco afastado, estava Alfred.
Um dia, após muitas coisas estressantes, Damian estava em seu quarto rabiscando freneticamente em folhas e mais folhas de papel. Pennyworth, preocupado, resolveu ir até ele, bateu levemente na porta do quarto, mas não obteve resposta. Tentou entrar e para sua sorte a porta não estava trancada, assim que entrou levou um pequeno susto. No chão, diversas folhas rabiscadas estavam espalhadas, Damian estava sentado no meio de toda essa bagunça com um lápis na mão e uma expressão de raiva com lágrimas no canto dos olhos. O menino estava perdido em meio aos seus desenhos, parecia que não tinha consciência do que estava fazendo. De pé, o mais velho percebeu um padrão existente em alguns desenhos, esse padrão eram cenas terroríficas de morte e sofrimento. Abalado, se aproximou de forma rápida e abraçou o menor, pediu em sussurros para ele ficar calmo. O Wayne correspondeu ao abraço e chorou.
- Calma, calma. - Pediu enquanto o choro ficava mais forte.
Depois de alguns minutos, o choro finalmente parou, mas o abraço não foi desfeito.
- Melhor?
- Um pouco.
- Não se preocupe, tudo vai melhorar. - Prometeu enquanto esfregava as costas dele.
De alguma forma, os dois sabiam que aquela promessa poderia ser falsa, a vida deles era muito complicada, mas não podiam descartar completamente a esperança.
- Sabe, eu sei que não tenho um bom exemplo de avô e não conheço muitos avôs, mas você é o melhor avô de todos.
Ao ouvir isso, o mais velho quis chorar, abraçou mais apertado o "neto".
- Obrigado.
- Não foi nada. E eu acho que todos deveriam dizer algo assim para você.
- Eles não precisam me dizer, eu sei que eles pensam assim apenas com seus gestos. Mas confesso que ouvir isso alguma vez na vida é bom. - Deu uma risada baixa. - Venha, vou preparar algo para comermos.
- Não vai falar da bagunça que eu fiz?
- Vamos resolver isso depois.
- Você é o melhor avô de todos. - Sorriu.
.....
Nota: eu amo o Alfred, ele é o melhor.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O melhor avô
FanficApós Damian se mudar para a casa de seu pai, muitas coisas mudaram, não só o ambiente a sua volta ou as regras que teria que seguir, mas algo dentro de si tinha começado a mudar. Vendo todo esse processo, estava Alfred, o mordomo ajudaria o menor no...