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Quando Sabito entrou no apartamento, não havia som algum; as luzes estavam todas desligadas e tudo o que se podia escutar era o som dos seus sapatos contra o chão. Mas nem sequer notou, estava tão cansado de mais um dia vivendo que apenas rumou para o quarto, sem se incomodar com qualquer outra coisa ao redor.

Aquele dia em especial havia sido o pior. Talvez porque havia mais tristeza que os dias normais, mas aquele dia pareceu mais longo que os outros. Todas as vezes em que Sabito olhou para o relógio, os ponteiros pareciam nunca terem saído do lugar.

Não havia algo para se sentir tão cansado, talvez fosse a soma de tantas coisas que aconteciam ao mesmo tempo, e que gradativamente iam lhe fazendo perder a vitalidade. Ou talvez fosse apenas o nada, já que até o nada parecia ferir, pois trazia consigo a sensação de vazio. Sabito estava cansado, e ia se cansando ainda mais conforme o tempo passava.

O cansaço do corpo e da mente se afetavam mutuamente, então era como se tivesse feito esforço o dia inteiro, mesmo quando tudo o que fez foi fazer a mesma coisa de todos os outros dias.

Não haviam muitos motivos para sair de casa pela manhã, mas certamente havia um para que voltasse à noite.

Sabito costumava passar o dia inteiro pensando em voltar para casa para poder ver o único motivo que o fazia ter coragem para fazer qualquer coisa. Se ele tivesse o sorriso de Giyuu, então seria o suficiente.

Se ele pudesse ter Giyuu, então ainda havia um motivo.

Estava tão inerte em pensamentos que nem notou quando Giyuu chegou. Foi a primeira vez que Sabito sorriu naquele dia: viu Giyuu chegar. Os dias eram muito longos, mas cada minuto prolongado não anestesiavam o prazer que era ver Giyuu.

Sem dizer nada, Sabito puxou Giyuu para o seu colo, passando os braços pela sua cintura, prendendo-o em um abraço enquanto seu rosto foi à curva do seu pescoço, tentando fazer sua memória recordar-se do cheiro da sua pele.

Tomioka não disse coisa alguma, apenas o recebeu em seus braços, também aproveitando do momento feliz que era estar com Sabito. Nenhum peso parecia mais tão pesado quando se estava naqueles abraços, e nenhuma tristeza era párea para aquele sorriso.

Perderam alguns minutos e só mais tarde decidiram se afastar; não por inteiro, já que foram dividir o pouco espaço da banheira. Sabito falava sobre o seu dia, enquanto Giyuu se preocupava em tirar o resto do shampoo dos fios rosados. Trocaram alguns beijos demorados na água quente, e se consolaram nos braços um do outro pelo tempo que fosse necessário.

Na cozinha, Sabito tentou fazer algo para agradar Giyuu, mas no final das contas, quem fez o macarrão foi Giyuu já que Sabito conseguiu queimar até a água. Eles sentaram no chão da sala, ouvindo o programa da rádio enquanto tomavam chá de morango — que era o favorito de Sabito. Eles não podiam se afastar nem por um segundo, continuavam a dividir o mesmo espaço pessoal; Sabito e Giyuu refutavam a lei da física que dizia que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço: mas lá estavam eles, deitados como se não houvesse espaço naquele lugar; como se a gravidade de ambos os corpos se recusasse a deixá-los se afastar.

Ainda na escuridão e no silêncio da cumplicidade, eles se deitaram debaixo do cobertor, e se aninharam um nos braços do outro, enquanto curavam as feridas feitas durante o dia. Enquanto descansavam os ombros doloridos de tanto carregar algo. Enquanto procuravam consolo para os corações feridos. Enquanto se amavam.

Não havia outro lugar a qual Sabito pudesse voltar, e nem qualquer outro lugar em que ele quisesse estar senão no amor de Giyuu.

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