Primeiro Capítulo

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Acredito que nas marés de incerteza,sempre tem uma onda de boas notícias.

•••

A minha melhor amiga, Alyssa, não gostou de saber que brevemente irei sair do país. Papai recebeu uma ótima oferta de emprego na Austrália. Ele é biólogo marinho — especialidade biológica que se encarrega de entender os organismos que vivem em ecossistemas de água salgada e as relações dos mesmos com o ambiente. Em contrapartida, mesmo adorando conviver com a Aly em todos os dias compreendo ser uma oportunidade magnífica não só para papai mas também para nossa família. Meu irmão, Jonas, adorou a ideia. Ele é fascinado por tudo que envolve os oceanos e os seus mistérios. Já eu, sou fascinada por tudo que envolve a prática da escrita. 

Aly e eu estamos deitadas em sua cama, planejando o que vamos fazer nos nossos últimos dias juntas. 

— Aly, falando assim parece que vou morrer — falei, batendo de leve a mão no seu ombro. — É só por um tempo! 

— Mas você vai morrer, sim, — rebateu levando o travesseiro ao rosto. — Você sabe que isso pode ser o motivo da nossa amizade acabar, não é? 

Franzi a testa. Não havia compreendido com clareza o que ela falara, devido ao travesseiro. 

— O que eu quero dizer é que nós não podemos ficar separadas — disse por fim. — Quem vai dizer quando você estiver com bafo? 

— Alyssa — me sentei na cama e olhei para ela. — Nós sempre seremos amigas. É só por alguns meses. 

— Meses indefinidos. 

Beijei sua testa e a abracei, assegurando de que tudo ficaria bem. Alyssa e eu somos amigas desde do fundamental. Felizmente, a faculdade não nos afastou, pelo contrário, ficamos mais próximas do que nunca. Mas talvez ela esteja certa... Mudar de país é demais, e talvez eu não queira. No entanto, de uma coisa eu tenho certeza: meu carinho por ela nunca irá mudar ou desaparecer.  

— E se fizéssemos uma coisa? — Alyssa indagou, sentando-se também. 

— Eu não vou te beijar, Alyssa. 

— Não isso, idiota — ela rebateu fazendo expressão de nojo. — Uma lista. 

— Uma lista? Tipo aquelas que a minha mãe faz para levar ao supermercado? — ela fez que não com a cabeça. — Então o quê? 

— Uma lista de metas. Objetivos para alcançarmos antes de você ir embora. Quando você vai? 

— Em uma semana — respondi percebendo a ficha cair. Estava próximo demais, o tempo estava correndo. — Por quê? 

— Uma meta para cada dia. Ok?

Fiz que sim com a cabeça em concordância. Poucos dias para a mudança, não muito para criar uma versão minha do outro lado do mundo.
 
Às vezes, precisamos tomar decisões difíceis para o bem maior, por mais dolorosas que sejam. 

Se Fosse Tão Fácil (amostra) Onde histórias criam vida. Descubra agora