Prólogo - Dias e corpos frios

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O sol ia sumindo conforme se passavam os minutos e ali chegava a pálida noite em Londres. O inverno transformara os dias, deixando-os ainda mais mortos do que aparentavam diariamente. O frio congelante subia nos pés de Julie VanHansen e chegava até seus dedos das mãos. A mulher sentia que sua varinha podia partir ao meio de tanta força que a segurava — não se sabia se era por puro frio ou pior... medo.

Julie avançava pelo beco estreito de um lugar que não conhecia muito bem. Mas, sabia que precisava fazer aquilo, independentemente do terror que sentia. Seu marido precisava dela. A moça ditou um feitiço baixinho, para que ficasse mais claro onde ela tinha de ir. E ali apareceu, uma porta torta e de madeira podre. Como um sexto sentido, a Sra VanHansen sabia que ali era o lugar certo.

Ela não bateu na porta, ou utilizou Alohomora como o esperado. Com toda a sua força, chutou a madeira e a fez voar longe.

O local cheirava a animais mortos, e a escuridão era assustadora. O barulho de grilos formavam ecos dentro dali. Lumos Maxima, ditou Julie. E quando a luz iluminou todo o lugar, ela percebeu que seus joelhos não funcionavam mais. Suas pernas amoleceram, e seus ossos deram lugar às gelatinas que comprava em seus passeios a Hogsmeade.

Lucas VanHansen estava pendurado por um gancho, com uma corda ao redor de seu pescoço. Suas roupas de cima estavam manchadas de sangue e jogadas abaixo de suas pernas que agora flutuavam.

A moça não sabia o que fazer. Não sabia se o amor de sua vida estava morto ou ainda resistia ali um resquício de vida. Como em um passe de mágica, suas pernas se levantaram e saíram correndo, seus pensamentos recheados de esperança, em direção ao corpo e encontrou marcas de torturas — sangue ruim — elas diziam. Colocou dois dedos em sua artéria no pescoço e viu que Lucas já havia falecido. Estava gelado como a neve que agora caia em Londres.

A grande mulher, que talvez fosse uma das mais poderosas de todo o mundo bruxo, se transformara em uma criança aos berros, agarrada ao seu amor. E se para trazer Lucas de volta a vida ela precisasse dar a dela, com certeza faria isso.

Julie ouviu barulhos nos fundos do galpão. Com a visão embaçada, avistou a grande marca negra no teto. De tanto chorar, dores de cabeça martelavam em seu cérebro e ela só conseguia pensar como aquilo aconteceu.

— Vejo que achou o nosso presentinho. — Alguém sussurrou entre as sombras.

— O-o que? — A mulher, ainda abraçada com seu marido, virou a cabeça em procura da voz que ressoava.

— Avada Kedavra!

Quando viu uma luz verde vindo em sua direção, sabia que não teria como fugir. Havia acabado. Porém, só para ela.

Home's on you - Cedrico DiggoryOnde histórias criam vida. Descubra agora