Já se passaram dois meses desde o "incidente" na minha casa, acredite se quiser, não é fácil para um universitário de 23 anos voltar para a casa de seus pais depois de 6 anos. Meus pais sempre foram gentis e amáveis, não os interprete mal, eu apenas segui meu instinto jovem, de buscar minha independência e singularidade.
Aos 16 anos eu já havia fugido de casa 3 vezes.
A primeira vez, com 8 anos, enquanto mamãe e papai discutiam pelo estresse de serem pais jovens e não conseguirem balancear bem a vida de psicólogos e professores de arte com a vida de pais jovens. Antes que você julgue a irresponsabilidade de meus pais com 28 anos, eu sempre fui profissional em sumir. Não se preocupe, eles se deram conta depois dos primeiros 20 minutos, mas apenas me acharam uma hora depois em uma árvore, no bairro ao lado, eu sempre amei escrever em lugares calmos.
A segunda foi aos 15, na minha primeira festa, os adolescentes "normais" beberam, se divertiram e foram para suas casas. Eu bebi, chorei, discuti com minha ex namorada e acordei no hospital em coma alcoólico. Até cheguei a ver meus pais, mas eu fugi do hospital e fui achado atrás de uma cafeteria, depois dessa começaram as sessões de terapia.
A terceira também aos 15, essa eu briguei com meus pais a respeito da terapia que eu não queria mais fazer. Então fui para a casa da minha melhor amiga Evelyn Ruschel. Desta vez em específico, não me acharam, eu apenas decidi voltar.
Eu era jovem aprendiz desde os 14 anos, então juntei o dinheiro, e com a ajuda dos meus pais e dos meus avós (que sempre tiveram uma vida financeira de alto patamar). Então, no verão do meu segundo grau do ensino médio, pela primeira vez me sentei com meus pais, conversei, e os avisei da minha partida.
Comprei um "barraco" no centro e junto do meu pai e de meus amigos fui reformando ao longo dos anos.
Meu reencontro com meus pais foi bom. Conversamos, rimos e recordamos os melhores momentos, os meses que passamos juntos desde que perdi minha casa, foram os mais felizes que passei com eles em muitos anos. Os levei ao teatro, eles gostaram, eu nunca fui lá o maior fã, me dava medo as visitas a locais culturais, apesar de eu amar estar com eles. Não acredito que meu elo com meus pais seja o melhor, mas acredito no amor que compartilhamos.
Consegui um apartamento para alugar, apesar de ter de dividi - lo com um universitário do mesmo campus que o meu, era o mais perto do meu trabalho no centro, meu colega de quarto, se chamava Antônio Fontana.
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Presságio
Short StoryUm pequeno conto sobre um rapaz que vê situações, antes das mesmas se projetarem na realidade.