"Me encontre nos fundos do ginásio as 18h. ML."
Esse foi o bilhete que encontrei entre as páginas do meu livro de cálculo avançado quando o abri ontem a noite em casa.
Se meu sangue ferveu? Óbvio?
Quem aquele babaca acha que é? Só porque ficamos na festa do Jeno por causa daquela maldita brincadeira dos sete minutos no paraíso, não significa que quero um replay.
— Que cara de bocó é essa, Donghyuck? – Renjun perguntou sentando-se ao meu lado no ônibus. – Não me diz que tem prova hoje!
— O que? – olhei confuso para ele. – Não que eu saiba...
— Então o- – ele parou e notou o papel amassado em minha mão. – O que é isso? – tomou o papel para si e o leu. – Uh, ele tá tão na sua...
— Cala a boca, Renjun.
— Para de cú doce, Donghyuck! – o mais velho disse me dando um peteleco na testa. – Você só tá assim porque ele te rejeitou quando vocês tinham seis anos, repito, seis anos!
— Eu não-
— Tá sim, não adianta vir com desculpinhas pra cima de mim, não.
Okay, talvez ele esteja certo, mas só talvez. Poxa entendam o meu lado! Quando eu estava no jardim de infância, mais precisamente no último dia do ano letivo antes de finalmente ir para o ensino fundamental, eu decidi pedir meu melhor amigo em namoro, já que eu gostava dele muito mais do que como só amigo, eu levei até chocolates! E ele o que? Apenas agradeceu os chocolates e nem esperou eu fazer o pedido, simplesmente saiu correndo até o carro da mãe dele. A partir daí, eu nunca mais economizei minha suada mesada para comprar chocolate ou troquei mais que dez palavras por dia com Mark Lee, já que estudamos juntos até hoje em dia.
— Eu não vou me encontrar com ele. – falei me levantando para sair do ônibus.
— Ah, vai sim, nem que eu tenha que te levar arrastado até lá. – Renjun tinha uma cara, claramente fingida, de bravo o que me fez rir.
— Depois dessa cara eu temo pela minha vida. – falei debochado, logo levando um soco no ombro. – Ai!
— O próximo vai ser na sua cara se você não for logo pra lá. – Ele disse me puxando para dentro do colégio.
— Porque você quer tanto que eu vá até lá?
— Sei lá, só vai, sinto que você deve ir. – ele parou e apontou para o ginásio. – Você tem três minutos. – mostrou a tela do celular que marcava 17:57.
Apenas revirei os olhos e caminhei lentamente até os fundos do ginásio, antes de entrar no pequeno corredor que tinha entre a parede do galpão e o muro da escola, espiei para ver se ele realmente estava lá.
Ele aparenta estar nervoso, já que anda de um lado para o outro sussurrando algo que não consigo ouvir por estar longe demais, na sua mão esquerda tem algo que não consigo ver direito, pois o dia já está virando noite e esse corredor em específico é naturalmente escuro até durante o dia. Ele olha o celular e direciona seus olhos para o local onde estou e percebo que sou descoberto, já que ele para de andar e coloca sua mão esquerda atrás de si.
— O que você quer? – falei me chegando mais perto do moreno. – espero que seja rápido, Jisung precisa de ajuda para estudar para a prova que vai ter hoje na terceira aula.
— A prova dele foi ontem, eu ajudei ele. – Mark disse se aproximando.
Merda! Ok, respira, tudo sob controle.
— É-é outra prova. – disse focando na árvore atrás dele.
— Eu te conheço a tempo suficiente pra saber que você está mentindo descaradamente. – ele disse rindo.
— Só fala logo o que você quer? – revirei os olhos.
— An... Eu queria esclarecer algumas coisas. – coçou a nuca olhando para mim.
A pronto. Esclarecer o que? Não tem nada para ser esclarecido! Lee Minhyung está louco e tenho provas.
— Esclarecer o que? – perguntei cruzando os braços e me apoiando na parede do ginásio.
— Então, Jaemin acabou contando sem querer algo que ficou martelando na minha cabeça desde a festa do Jeno-
— Olha, – o interrompi. – Se for pra tocar no assunto do-
— Só deixa eu falar, okay? – o moreno cortou minha fala. – Quando eu acabar de falar você pode fazer o que quiser.
Minha vontade era de negar e sair o mais rápido possível dali, mas o tom de voz que ele usou me impediu de fazer qualquer movimento que fosse.
Ele estava nervoso, muito nervoso, ao ponto de me deixar nervoso também.
— Quando você saiu correndo do armário na casa do Jeno, Renjun foi também, foi aí que ouvi o Jaemin falando algo sobre amor de infância – ele olhou nos meus olhos e foi aí que meu sangue gelou e o ar ficou rarefeito. – ele contou sobre o último dia de aula há onze anos atrás... Eu queria me desculpar por ser um lerdo idiota e por não esperar você falar o que tinha pra falar, eu achei que os chocolates eram pelo Natal – Ele riu, ainda nervoso. – Eu só queria dizer que foi um mal entendido, e que se você fizesse a pergunta para mim naquela época, a resposta seria sim...
Paralisado.
Todas as minhas terminações nervosas esqueceram como funcionavam, nem respirar eu estava conseguindo. Já meu coração estava trabalhando o triplo do habitual, como se estivesse cobrindo as funções do resto do meu corpo.
Mal entendido.
Mal entendido.
Mal entendido.
Foi tudo por causa de um mal entendido, maldito Mark Lee e sua lerdeza.
Percebi que tinha passado tempo demais em minha súbita paralisia quando vi Mark ajeitando sua mochila e estendendo uma caixa de chocolates em minha direção.
— Desculpa por tudo. – disse me entregando o chocolate e dirigindo-se para a saída do corredor.
— Mark. – o chamei virando-me e o avistando alguns passos de mim.
— Hm? – seus olhos brilhavam, mas eu não conseguia distinguir o porquê.
— A resposta... – desviei o olhar novamente para uma árvore qualquer. – A resposta seria sim só naquela época?
Depois da pergunta e da súbita coragem de fazê-la eu fitei meus pés, não conseguia mais nem segurar minha cabeça reta com a minha coluna.
Ouvi ele se aproximando, vi seus all stars centímetros dos meus e senti sua mão direita em meu rosto, o levantando obrigando-me a olha-lo nos olhos.
— Entenda, Lee Donghyuck. Eu, Mark Lee gosto de você desde meus cinco anos de idade e a minha resposta para você sempre vai ser sim, não importa qual seja a pergunta. – ele disse sorrindo.
— Até se eu pedir para você matar alguém? – Perguntei brincando.
— Contanto que seja antes de completarmos a maior idade... – ele deu de ombros.
— Idiota. – sorri apoiando minha mão esquerda em seu ombro. – Tenho outra pergunta para você.
— Pode mandar. – disse sorrindo e deslizando a mão que antes estava em meu queixo para a minha nuca, brincando com alguns fios de cabelo.
— Me beija?
— Não precisa pedir duas vezes.

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Chocolate - •MarkHyuck•
FanficQuem aquele babaca acha que é? Só porque ficamos na festa do Jeno por causa daquela maldita brincadeira dos sete minutos no paraíso, não significa que quero um replay.