A estupenda criatura lança voo, os olhos assistem, moldam, ora rodopiam, graciosos, uma pluma, ora o chão é a sua queda majestosa, afinal, o que seria da vida sem o clímax, não é?
A borboleta estupenda voa, assiste, é guiada em todas as possíveis direções, porém, ainda incapaz de deixar a jaula, não se vê, aos poucos desiste, as quedas lhe machucam apesar de entreterem, apesar de escondê-las, a graciosidade refletida não lhe faz nem cócegas perto do sonho, tardio, sobretudo belo e justo de alcançar a, agora sabida e almejada, liberdade. Se via, enfim, presa.
Cambaleante, a fabulosa criatura impulsiona-se, as barras de cobre causam-lhe cócegas no estômago, as antenas voam desengonçadas; uma ternura gélida.
Está livre, livre novamente. Livre para lançar voo. O mais nobre sopro de asas, rumo à mais esplêndida rota.
À vida.