30 de Setembro de 2020.
Coturnos negros aterrissavam desajeitadamente sobre chão de concreto. A mulher mal aguentava o peso de seu próprio corpo. Caminhava em uma rua escura e sombria, não tinha uma pessoa sequer no lugar deserto, afinal, era tarde da noite. A jovem tinha sua mente tão nublada pelo cansaço que ao menos conseguia sentir medo da madrugada vazia, na verdade, se pudesse, ela dormiria ali mesmo na calçada úmida.
Em pensamento, se perguntava como ainda não havia se acostumado com a sensação dolorida e as pálpebras pesadas já que sempre entrava nesse estado quando fazia hora extra - Principalmente quando tinha trabalhado até tarde por toda a semana. Puxou o ar pela boca com dificuldade, faltava um longo caminho até sua casa e se começasse a pensar sobre tudo o que doía e o que não, nunca chegaria.
A mulher chutou, por acidente, uma pedra na calçada, parando de andar e se permitindo respirar direito. Observou o pequeno mineral rolar pelo chão até cair em um bueiro. Ela mesma desejou poder se jogar de algum lugar. Em vez disso, esticou os braços numa tentativa falha de dizer para seus músculos acordarem e se movimentarem, porém, antes que pudesse retomar sua caminhada, sentiu um pequeno puxão em sua blusa.
Lentamente, a mulher loira olhou para trás, tensa. Ciente do quanto é sortuda, esperava algo como um assaltante ou um sequestrador, mas não era nada disso, tudo que encontrou foram os olhos grandes e amendoados de uma criança. Piscou algumas vezes, tendo certeza de que não estava alucinando.
A menina aparentava ter por volta dos cinco ou seis anos, tinha os cabelos num tom de castanho bem claro, vestia roupas muito formais para alguém tão jovem e possuía uma das sobrancelhas arriadas, além de carregar um ar travesso que faria qualquer um com aversão por crianças se afastar.
- Com licença, moça - A pequenina soltou, dando um pequeno susto na mais velha. - Poderia me ajudar?
- Hã... - Respondeu, ainda meio anestesiada pelo sono. Hesitantemente, ela se agachou para ficar da mesma altura que a garota. - Bem... Sim, claro que sim, eu acho. Do que precisa? - A pequena abriu um sorriso empolgado.
- Ótimo! Qual seu nome, moça? - A menina perguntou.
- Eu... - Pensou se isso não era alguma espécie de golpe ou teste social antes de responder, mas logo olhou ao redor, desconfiada, e concluiu o que era óbvio, não havia ninguem além das duas na rua. - Siyeon, me chamo Siyeon.
- Então, Siyeon... Mamãe estava sendo má, agora estou punindo ela! - A menina disse, pondo os bracinhos para trás do corpo e assumindo uma feição brincalhona. Siyeon ficou confusa. - Ela nunca me deixa tomar chocolate quente antes do jantar, então eu fugi como forma de po... potes... potesto! - Se embolou na última palavra.
- Protesto?
- Sim! Você é muito inteligente moça, até consegue dizer palavras difíceis. - A mais nova elogiou. - Eu fugi de casa e minha tia disse que eu deveria procurar por policiais quando estivessecom problemas. - Ela acrescentou, olhando para as vestes de Siyeon.
- Mas eu não sou... - Lee ia corrigi-la, porém, ao olhar para baixo e perceber que ainda portava seu uniforme de segurança, se calou. Entendia a confusão da criança, apesar de sua roupa não se parecer em nada com uma farda. - Eu não sou policial, garota.
- Mas se veste como um?
- Eu sou segurança de shopping, tem diferença - Siyeon informou.
- Então é uma policial de shopping?
- Bem, mais ou meno... - A menor interrompeu.
- Não importa, eu sou pequena demais para entender essas coisas. - A menina acrescentou, dando tapinhas no ombro da mais velha. - E não me chame de garota! Eu tenho um nome: Lee Gahyeon - Ela disse, ofendida.
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Consertar Você - Suayeon
FanfictionLee Siyeon se vê sem expectativas ou esperanças para seu futuro. Presa numa monotonia e infelicidade sem fim, a mulher teve sua vida transformada quando ajudou uma criança impetuosa a encontrar o caminho para casa. Lee só não esperava que a garotinh...