☀ Introdução

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Acordo naquela manhã gélida e sinto-me arrepiar. Levo a coberta até o queixo e me encolho toda. É como se nada fizesse sentido por um instante, aquele frio, todas as coisas que tenho, inclusive eu. Me sento ainda com a coberta no queixo e observo meu quarto. De um lado da cama posso ver um criado mudo sustentando apenas um abajur e meu celular. De frente tem uma escrivaninha com alguns livros de escola e com meu notenook e mais encima, na parede violeta, há um quadro de avisos com algumas fotos e posterês de bandas. Ao lado há uma porta que da direto ao closet . Do outro lado da cama vejo a expessa cortina beje, me levanto um pouco sem jeito com os meus 1,76 de altura e a abro. Lá fora continua o mesmo clima chuvoso e desanimador.

Temos sorte por não termos que estudar durando 2 semanas, e agradeço por faltar apenas 2 dias para que isso aconteça, porque estudar nesse frio é desanimador. Curso o terceiro ano do ensino médio e fico mais contente ainda em saber que só faltam mais 6 meses para que eu possa ir para a faculdade, conhecer pessoas novas, garotos novos - já que os da minha escola são infantis demais para qualquer garota que tenha mais do que 12 anos.

"Ana, ainda não acordou?" A voz instrigante de minha mãe me tira do devaneio. Ainda me impressiona como consegue cortar vários comodos com a voz sem fazer algum esforço.

"Acordei. Já estou indo" digo saindo do meu quarto e indo ao banheiro. Sempre reclamei por não ter meu próprio banheiro, mas quando você começa a crescer de forma pisicologica entende que a vida não é um chafariz em que, se jogassemos moedas após fazer um desejo, ele se realizaria. Olho no espelho e vejo a menina de sempre, o que me incomoda um pouco. Tento abaixar meu cabelo rebelde e não tenho muito sucesso. Termino minha higiene matinal, coloco o uniforme escolar e vou para a cozinha com a mochila nas costas.

Paro um instante na porta e observo a mesa toda "recheada". Há pães diferentes, frutas variadas, suco, leite e acompanhamentos como presunto e mortadela. Fico boquiaberta. Só moramos eu e minha mãe naquela imensa casa. Meus pais se divorciaram quando eu tinha 5 anos e sinto falta do beijo no alto da cabeça toda a manhã. Quando vou para a casa dele e da esposa tenho que dividir seu amor de pai com um menino nada legal. Então sim, eu prefiro morar com minha mãe, que por alguma razão desconhecida ainda não arrumou um namorado

"Bom dia" me sento e pego um pedaço de melancia

"Bom dia flor" ela senta na minha frente. Não tira seus olhos de mim

"Porque dessa mesa tão cheia? Alguma data especial? É o meu aniversário e não lembro?" pergunto rindo. Pego a faca e começo a fatiar minha melancia

"Querida, não precisa cortar a melancia"

"Higiene mãe, higiene. E ai, vai me dizer ou não?"

"Vou" ela também ri. "Eu e seu pai concordamos que você está dando duro nos estudos"

"Concordam com alguma coisa pelo menos uma vez na vida" Rio dando uma garfada em um pedaço

"Me deixa continuar humorista. E devido o seu esforço achamos que merece uma surpresa. Sei que esse recesso é muito pouco, mas tenho certeza que vai aproveitar o máximo que pode." continuo olhando para ela sem alguma expressão. " O que acha de ir para Londres?"

Fico ainda mais surpresa. Minha boca abre e meus olhos se arregalam. Deixo o garfo cair sobre o prato fazendo um barulho horrivel

"Mãe!" grito. Me levanto e vou para o lado dela. Lhe dou um monte de beijos "Obrigado mesmo"

"Sabia que ia amar" ela disse me dando um beijo também.

"Acertou"

The Airport /H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora