Único

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Yamaguchi encarava o loiro a sua frente, sabia que tinha perdido a discussão antes mesmo de começá-la.

— Eu não vou pagar seu café hoje.

A dupla estava em sua cafeteria favorita, Tsukishima gostava da facilidade gerada pela proximidade do local com a faculdade e a casa de ambos, só por isso deixava Yamaguchi arrastá-lo até lá durante todas as manhãs.

— Eu não precisaria gastar nada se você falasse logo com o cara — o outro respondeu com um sorriso presunçoso.

— Eu não venho aqui só por causa dele. — se defendeu Yamaguchi.

Em partes, a afirmação de Tadashi era verdadeira, ele gostava do ar tranquilo e calmo do local, o café era realmente bom e os preços não eram excessivos. O funcionário novo ser lindo e gentil, era como um bônus.

O rapaz havia começado a trabalhar na cafeteria a cerca de um mês, e a quase três semanas, Yamaguchi arrastava Tsukki até o estabelecimento, com inúmeras desculpas diferentes, nas quais, Kei jamais acreditava, e acabava por sempre se recusar a pagar a conta, já que, segundo ele, estava sendo usado de álibi.

— Se é assim, amanhã eu não venho. — O loiro sorriu para a careta feita pelo amigo.

— Eu pago. — suspirou — você poderia ao menos escolher um mais barato da próxima?

— Hm... deixa eu pensar.... não.

Tadashi nem se esforçou para retrucar, sua atenção já se desviava para o balconista, e sua mente se dedicou a tentar encontrar pequenas sugestões de assuntos que poderiam ter em comum. Sabia que não podia continuar apenas trocando olhares com ele para sempre, e quando mais uma vez, o olhar dos dois se encontrou, ele apenas sorriu e voltou sua atenção para o próprio café, apertando com mais firmeza o papel que havia trazido de casa, escondido em seu bolso.

Osamu observava os clientes disfarçadamente enquanto limpava o balcão, ou pelo menos era o que ele achava que estava fazendo, até que Kita apareceu e o abordou bem diretamente.

— Se você continuar encarando assim vão achar que você é um stalker.

— Eu não estou encarando ninguém — Shinsuke apenas revirou os olhos para o amigo, que constrangido se afastou do balcão.

— Se quer chamar ele para sair, faça logo.

— Que? Não, claro que não.

— Por que não? Ele fica te encarando também.

— Você imagina coisas as vezes.

— Quem imagina é você, tenho certeza que acha que eles são namorados — apontou com a cabeça para a mesa onde a dupla terminava seu café — e você está enganado.

Osamu apenas riu baixinho da constatação certeira, ele realmente tinha aquela dúvida martelando em sua cabeça nos últimos dias.

— E como você sabe que eles não são?

— Eu sempre sirvo a mesa deles.

Kita voltou a seus afazeres, se dirigindo para atender um casal recém chegado, deixando o Miya sozinho com seus pensamentos, agora um pouco mais direcionados ao que fazer.

(...)

Osamu estava pronto para falar com o rapaz de cabelos verdes, ele sempre tinha se considerado bom quando o assunto era flertar, mesmo assim seu coração batia apressadamente conforme a distância entre eles diminuía. Antes que Yamaguchi chegasse ao caixa, ele já tinha pensando em mais de cinco formas de pedir o número do cliente, mas assim que ficaram frente a frente, sua mente se embolou, como se um enorme ponto de interrogação se formasse.

O rapaz, que sempre parecia tranquilo, estava vermelho como um tomate, e encarava o chão fixamente, o Miya mal teve tempo de processar o que estava acontecendo e Tadashi já havia deixado o dinheiro no balcão e se afastado, rumo a saida.

Ele buscou o olhar de Kita, que apenas ria da cara dele, do outro lado da loja, talvez tivesse entendido tudo errado, e os olhares que estiveram trocando não passassem de sinais do desconforto do outro, um arrepio percorreu seu corpo quando percebeu que poderia ter sido considerado um stalker pelo cliente, que visivelmente era um pouco mais tímido. Se amaldiçoou por ser tão insensível com a situação, começou a recolher as notas que haviam sido deixadas no balcão e instantaneamente começou a sorrir.

Aparentemente, não era o único pensando em trocar contatos.

Fechou a caixa registradora e sinalizou para Shinsuke que iria para os fundos, o outro lhe lançou um olhar zangado, mas não o impediu.

Osamu pegou o celular no armário e rapidamente salvou o contato de Yamaguchi Tadashi, já abrindo o aplicativo de mensagens animado, não poderia ficar conversando com ele até o horario do almoço, porém aquilo não o impediu de mandar uma primeira mensagem, avisando que havia salvo o número.

Do outro lado, Yamaguchi apertou o celular com força quando a tela se acendeu, alivio e felicidade se misturavam em seu peito, enquanto ele ignorava de forma sorridente o olhar debochado que o amigo de infância o lançava.

— Eu acho que você não precisa ir à cafeteria amanhã, Tsukki. 

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