Incendiados

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"O que é verdadeiro volta? Não. O que é verdadeiro não vai. O que é verdadeiro, permanece."

- Querido John - Dear John (2010)

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KAGOME

Respiro fundo e solto o ar pela boca.

Minhas mãos tremem. Os joelhos também. E seguro o volante com mais força ainda. As lágrimas escorrem pelas minhas bochechas, manchando minha pele com a maquiagem escura. Uma dor de cabeça de tensão lateja. Dirijo rapidamente e não sei para onde estou indo.

Só quero fugir!

A alguns minutos atrás, estava procurando meu marido Hojo, na festa de casamento do meu irmão caçula. A cerimônia do Sota e da Moe, foi linda e a festa tão animada. Até eu me dar conta que Hojo não ficou ao meu lado o tempo todo.

Droga!

Éramos apaixonados quando nos casamos a quatro anos atrás. Nossa vida sexual sempre foi supermorna, beirando o imprevisível, porém nos últimos meses estávamos distantes um do outro. E eu acreditava que era por causa do trabalho dele. Sempre cansado e desanimado.

Nos tornamos dois estranhos que moram juntos.

Quando fui atrás do Hojo, o procurei em todos os lugares e por fim fui até o estacionamento. Pensei que ele poderia ter ido tirar um cochilo. E no entanto, encontrei um carro balançado. Cheguei mais perto ouvindo gemidos.

Eu observei por uns minutos um casal no escuro, entretidos entre risadas e carícias. Dei a volta por outros carros ali estacionados e cheguei mais perto.

Mas o que é que estou vendo?

É o carro da Eri!

Eu vejo os dois juntos. Minha melhor amiga e meu marido! Como podem?

Sou uma corna completa!

Isso foi um golpe no meu peito. Fiquei sem reação durante alguns longos segundos. Até que não aguento e dou um grito. Logo em seguida, saio correndo em direção ao meu carro.

Meus olhos ardem de fúria. Travo as portas e procuro as chaves na minha bolsa. Vejo Hojo vindo na minha direção puxando as calças caqui para cima, e a camisa social aberta mostrando o peito desnudo. Ele grita meu nome.

Eu não espero.

Quero que ele vá para o inferno!

- Kagome espere! Por favor espere! - dessa vez ambos, Eri e Hojo gritam.

A vozes angustiantes me penetram como uma faca. Mas eu os ignoro. Estou magoada demais e não tenho força para encará-los. Acelero meu carro e caio na estrada sem olhar para trás.

Agora estou dirigindo sem rumo durante a madrugada. Não consigo parar de chorar. Grito pela quinta vez em minutos para a escuridão da noite. Passo em alta velocidade por várias casas simples e creio estar em alguma cidade do interior.

Sinto-me a beira de um colapso.

A dor no meu peito é grande demais e me sufoca.

- Como sou burra! - grito.

Eu sabia que eles estão trabalhando juntos na clínica. Eu sentia meu marido cada vez mais distante. Sem tempo para um beijo, um toque ou uma palavra carinhosa. Nunca imaginei que eles poderiam ter um caso.

Porra! E embaixo do meu nariz!

A cada minuto me sinto pior. Sei que não sou uma mulher perfeita. Acho que faz mais de dois meses que não transo. E pensar nisso faz meus soluços ficarem mais altos.

Cinquenta tons de VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora