Piloto

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Era tarde da noite, mais precisamente 01:47 da madrugada de um sábado bem gelado pois era o ápice do inverno no Reino Unido, as ruas de todos os bairros estavam vazias enquanto a avenida badalada de Cambridge parecia um grande formigueiro de pessoas.

Entre as vielas, afastado do intenso caos de baladas e barzinhos, ao lado de uma lojinha de suvenir e em frente a uma padaria, existe o Heaven'Bar, um dos locais mais frequentado pelos jovens, apesar de nunca ver ninguém para fora da porta. Esse lugar está em constante metamorfose, ninguém nunca sabe oque vai acontecer na noite de cada semana que passa, pois ele é para você aquilo que mais deseja e necessita em seu presente momento.

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Era para ser apenas um jantar de despedida com minha melhor amiga que consequentemente veio a Cambridge a trabalho, porém mal sabiamos que toda aquela calmaria no inicio da noite , se tornaria digamos, um grande caos ao tardar.

-Já são onze da noite Nala, não vai ficar tarde para você pegar o avião amanhã?- Coloco algumas notas de dinheiro sobre a mesa, afim dela automaticamente pega-las e ir até ao caixa pagar nossa conta da noite.

O restaurante era extremamente aconchegante, mesas espalhadas ao meio simetricamente, um papel de parede com um tom de azul lindo e detalhes em verde que envolvia todo o ambiente, e uma grande lareira no canto esquerdo aonde aquecia a todos que estavam ali. Eu poderia passar a noite toda aqui se não estivesse entulhado de afazeres que infelizmente alguém que mora sozinho tem. Aliás eu realmente amei aquele tom de azul.Nala se levanta e estica o braço para pegar o dinheiro sobre a mesa.

- Ir embora? Harryzinho... A noite está apenas começando para a gente, quero que esse meu último dia aqui com você seja incrível, eu só trabalhei a semana toda.

Olho bem para a feição dela de empolgação e ajeito para trás os fios do meu cabelo com os dedos e ergo uma das sobrancelhas em um tom de questionamento.

- Você está brincando né? Seu voo é logo cedo e você quer sair festar?-Apoio os cotovelos sobre a mesa e coloco as mãos sobre o rosto coçando os olhos e em seguida volto meu olhar para ela.

-Olha vamos deixar para uma próxima sério. Podemos marcar para quando você vier me visitar.- Mal termino a frase.

- Escuta aqui Haroldo Eduardo a gent...

Eu a interrompo abaixando a cabeça e erguendo o dedo indicador para ela calar a porra da boca. Se tem algo no universo que me tira do serio, é essa forma que ela me chama para me provocar.

-A gente não vai demorar okay HARRY EDWARD STYLES? Sinto que devemos nos divertir, só um drink e nada mais, ouvi falar de um bar bem legal logo aqui perto.

(Se eu soubesse oque seria esse apenas um drink..)

Recebo um olhar me implorando para eu a acompanhar nessa "grandiosa" aventura, que eu apenas abaixo o dedo, me calo e levanto assim, para irmos até o caixa e sair.

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Chegamos andando até a avenida principal que era perto do restaurante do qual estavamos, e me deparo com as ruas tomadas por pessoas, parecia que Cambridge toda estava la, um completo caos. - Meu Deus..-Exclamo em tom assustado para Nala e ela me retribuí com uma erguida de ombros.

Andamos mais alguns metros e subimos em uma viela cheia de lojinhas, fechadas obviamente, e no meio delas uma parede de tijolos envelhecidos. Me pergunto aonde estamos ela está me levando. Nos aproximamos e olho para cima e vejo um grande letreiro escrito "Heaven'Bar", mas que porra de nome é esse? Parece que estamos entrando em um lugar abandonado aonde vão nos sequestrar e vender nossos orgãos, a rua tava escura e não tinha um pessoa pra fora além do segurança. 

Tinha uma porta bem pequena que estava aberta aonde tinha uma escadaria que parecia nos levar para o inferno oque é contraditório se repararmos o nome do bar. Ao lado o segurança que parecia ter 3 metros, vestindo um terno e preso nele um crachá escrito 'Symon', oque fazia o parecer ainda mais bizarro.

-Nala que lugar é esse?- Questiono-a enquanto estamos completamente congelados em frente ao segurança que nos encara. Só faltou uma legenda na testa dele do tipo "Vai entrar? Não? Então para de atrapalhar a merda da entrada"

-Confia. Ela suspira se afastando de mim e da alguns passos a frente e começa a falar algo com o segurança em tom baixo, parecendo intima do tal. Eu ignoro e dou olhares ao redor analisando o lugar, e vendo que todo o fluxo de pessoas está longe, abaixo da viela de onde estamos. Deveria me preocupar?

Nala me cutuca e sussurra. -Nesses lugares a gente tem que dar aquela lábia que só mulher tem para conseguir entrar nesses lugares, e olha não se preocupa não vamos demorar, aqui não deve ser muito diferente dos outros bares. 

O segurança me encara dos pés a cabeça antes de dar um passo para o lado para podermos passar. Descemos a escadas que pareciam infinitas e viramos um corredor apertado repleto de quadros de artes abstratas que a gente olha e não entende porcaria nenhuma, e no chão um extenso tapete velho. 

Viramos o corredor a direita até chegarmos em outra porta. É SÉRIO? Quantas portas a gente vai passar só para entrar em um >Bar<?. Me pergunto.

Quando aquela segunda porta, que era de madeira com alguns adesivos colados sobre ela, é aberta em um empurrar de cotovelos de Nala, abrindo apenas uma fresta, fixo meus olhos adentro e tive a bizarra impressão de estar completamente alucinado a ponto de imaginar estar em outra dimensão. Olho para ela cerrando meus olhos querendo que os lesse, simplesmente olha para mim e da um sorriso desentendida, abrindo por completo a porta na espera de eu entrar..

Perdition NightOnde histórias criam vida. Descubra agora