A Filha de Lúcifer Morningstar

Prólogo

Lauren Morningstar.

Eu não quero ser a sucessora. Não quero punir as almas condenadas; esse é o caminho traçado para meu pai. Essa função é dele, ou pelo menos era o que eu pensava. Mas aparentemente, desde que nasci, essa função se tornou minha.

Nunca concordei em realizar essa tarefa, mas essa foi a sentença que recebi por ser filha do próprio diabo.

Cansada de ouvir que passaria minha eternidade trancada no inferno para compreender um futuro que nunca quis, renunciei ao trono por conta própria e abri mão do "nobre" título de futura Senhora do Inferno. Hoje, vivo entre os humanos, a criação favorita de meu avô, Deus.

Vocês, humanos, me intrigam. Sentem alívio em intitular meu pai como o maior vilão de suas vidas e insistem em culpá-lo por suas escolhas e ações. Agora que vivo entre vocês, percebo ainda mais claramente que cometem pecados e pedem perdão por desobedecer meu avô e suas leis.

Todas as más escolhas vêm de vocês, seres racionais e pensantes.

Meu papel seria puni-los. Afinal, eu seria a Rainha do Inferno, conhecendo seus pecados. E sim, quando dizem que o diabo conhece todos os seus segredos mais profundos e obscuros, essa é a maior verdade. Sendo filha dele e sucessora do trono, eu também saberia. Mas não seria eu quem plantaria os seus pecados e desejos; esse mérito é todo de vocês.

Por mais que não admitam, é da natureza humana — talvez por culpa da idiota da ex do meu pai, Eva, que ESCOLHEU "comer" o fruto proibido — serem corruptos e mentirosos. O mal nasce dentro de vocês e se alimenta dia após dia.

Culpar a mim ou ao meu pai não os livraria das responsabilidades, apenas os tornaria mentirosos. E eu odeio mentiras. Aprendi com meu pai que não devo contar mentiras; ele não mente, apesar do que dizem. Além do mais, eu representaria o pecado, mas não forçaria ninguém a pecar. Nem mesmo Satanás pode ir contra a lei do livre arbítrio.

E iriam me nomear como o mal que existe em suas vidas. Eu não sou má. Então decidi fugir disso tudo, obviamente sem meu querido pai saber. Agora, moro em Los Angeles, aprendendo de perto a viver entre vocês e tentando, ao menos, compreendê-los.