结束;

1.2K 195 234
                                    

Era o último dia das férias de verão. 

Os turistas abandonavam a praia pouco a pouco, revelando uma paisagem desolada e tornando aquela pressão peculiar no peito de Chan particularmente forte. 

Como todo turista, ele também deveria partir logo, e para falar a verdade, não se sentia o suficientemente preparado para isso. Tudo o que havia vivido naquele verão queimava sua consciência, como ele poderia simplesmente partir? 

- Chan... - escutou esse risonho sussurro atrás de si e se virou, deixando que as claras cortinas caíssem sobre a janela e inevitavelmente escurecendo o interior do ambiente.

- Hmm? - o nomeado relaxou de semblante de forma instantânea, aproximando-se do corpo esguio de seu amigo e tomando-o pela mão - Está frio, Lix, não quer que eu te cubra mais?

- Channie, tome uma xícara de chá e acalme-se, parece que quem está fazendo quimioterapia é você não eu. - Felix esboçou um pequeno sorriso. Mesmo com a voz fraca ainda tinha aquele senso de humor azedo que Chan odiava. A tentativa de expressão calma do mais novo se tornou triste por um segundo, e exerceu mais força em seu aperto na mão oposta. - Ok, ok. Sinto muito. Estava brincando. É que de verdade você parece devastado.

- Felix, eu não quero voltar para a Coréia.

- Chan, não seja bobo. 

- Não quero te deixar sozinho. Imagine se você piorar enquanto estou no vôo para lá, ou pior, enquanto estou em aula! Eu sequer vou ficar sabendo - suspirou, mordendo inconscientemente a pele interna de suas bochechas em um gesto de notória ansiedade. - Não posso partir. 

Chan se lembra perfeitamente o momento em que chegou na Austrália para visitar seus familiares e, acima de tudo, passar as férias.

Fazia trinta e poucos graus, estava completamente suado e ficou com tanta vergonha que até se atreveu a vestir uma jaqueta grande para não deixar tão óbvias as manchas de suor debaixo dos braços. O sol lhe causava forte queimação nos olhos e se arrependeu de não ter levado nenhum de seus óculos escuros consigo. 

Em sua cabeça é capaz de visualizar o exato momento em que seus pais discutiam sabe-se lá o quê, porque aquele foi exatamente o instante em que pôs os olhos sobre ele: Lee Felix, o filho do dono do hotel. 

Pele bronzeada, bochechas coradas de sol destacando suas sardas, shorts e cabelos claros e despenteados. Seus dedos do pé cutucavam as sandálias já gastas e, embora parecesse como um despreocupado desastre sem sequer se importar em combinar as roupas que vestia, algo no estômago do australiano vibrou. 

Não demorou muito em começar a falar com ele. A conexão que havia entre ambos era quase única. Nenhum dos dois nunca se deu tão bem com alguém assim antes.

Os frequentes passeios noturnos escondidos de seus pais, as caminhadas pela praia e os abraços tímidos de frente para o mar. Talvez sim fossem uma dupla estranha ante os olhos da conservadora sociedade coreana, mas isso não os interessava muito.

Chan se lembra de como Felix ria quando fazia cócegas em seu estômago. Se lembra do gosto salgado de sua testa quando a beijou após terem brincado entre as ondas. Os cantos de seus lábios se erguem toda vez que se lembra do terno hábito do mais novo de colocar quantidades sobre-humanas de comida na boca. 

Não há necessidade de explicar mais. Soube desde o primeiro momento que estava completamente apaixonado e que guardaria cada segundo daquelas férias no fundo de seu coração.

O Sr. Lee sabia disso e por essa razão havia tentado separá-los diversas vezes, o que até então não tinha sido útil, é claro. Seu pai podia tentar o que fosse; eles eram inseparáveis.

𝐄𝐍𝐃 𝐎𝐅 𝐒𝐔𝐌𝐌𝐄𝐑 | chanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora