Capítulo Único

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Havia dois momentos constantes na vida de Shinsou. Os momentos em que está exausto de tanto treinar e os momentos em que se derretia de amor por seu idiota favorito. Algumas vezes esses momentos se uniam em um terceiro momento de pura confusão de sentimentos.

Isso o deixaria doido, pois ele o ama, o fato de estarem namorando atesta isso, afinal não é qualquer pessoa que suporta comentários ácidos e mal humor por noites mal dormidas de Shinsou, mas algumas vezes o loirinho testava os limites de sua paciência.

A semana de exames havia chegado para eles, teriam três provas só na semana seguinte. Shinsou estava planejando passar a quinzena de férias – que a turma ganharia após aqueles dias de estresse, caso tirassem boas notas – bem longe dali e com o namorado. Ele não sabia ainda bem onde iriam, se seria na praia ou nas montanhas, o importante era ficarem sozinhos sem preocupações com provas ou os amigos do namorado a tiracolo.

Contudo, as notas de Kaminari eram péssimas, o boletim trimestral dele parecia mais uma cena de assassinato com tantas notas vermelhas. Se as notas de fim de semestre de Kaminari continuassem naquele caminho, ele ficaria de reforço e impossibilitado de sair dos dormitórios para viajar com ele.

— Eu queria poder enfiar a resposta na sua cabeça. Eu poderia controlar sua mente, mas precisa de uma descente para minha individualidade funcionar. – reclamou Shinsou, irritado, bagunçando ainda mais os fios roxos em sinal de frustração.

— Hmmm... acho que eu preferiria que enfiasse outra coisa em mim – Kaminari disse com um sorriso malicioso e as bochechas levemente coradas.

Os olhos cansados do rapaz se arregalaram em surpresa pelo comentário. Seu rosto, normalmente pálido, se tornou um vermelho vívido que arrancou uma risada sapeca de Kaminari. O loiro amava vê-lo encabulado só não esperava ser atacado por Shinsou que usou o próprio caderno para bater em seu ombro.

— Safado! Pervertido! Idiota! Retardado! – xingava o maior, envergonhado, enquanto batia nele com o caderno.

— Aí! Foi mal, Toshi! Eu não consigo evitar... – disse Kaminari, tentando fugir do ataque. – Eu preciso de uma folga, amor. Estamos nisso desde às quatro da tarde, já são oito da noite e nem descemos pra jantar.

— Terá tempo para descansar e comer depois quando estivermos de férias! Agora faça a droga do cálculo! – rebateu Shinsou ao colocar a mão na nuca do namorado, quase esfregando o rosto dele no livro.

— Aí! Aí! Aí! Tá bom! Eu faço... S-só... me explica de novo o que é hipotenusa?! – pediu Kaminari e Shinsou suspirou cansado, "era a terceira vez que ele pedia isso, como raios ele ainda não memorizou?" pensou Shinsou.

O mais alto respirou fundo, esfregou o rosto com a mão livre e depois de o ver o loiro fazer beicinho e um olhar pidão, se conteve e respondeu.

— A hipotenusa é o lado oposto a um ângulo de noventa graus de um triângulo retângulo. – respondeu Shinsou, simplista. Não tinha como ser mais específico do que aquilo.

Ele viu Kaminari concordar com a cabeça, olhar de si para o livro e então pegar seu lápis. Shinsou por um instante teve esperanças de que o namorado enfim tivesse entendido e começaria a fazer os cálculos do livro de matemática, mas os grunhidos que saíram do fundo da garganta do rapaz o disseram o oposto.

— Ainda não, né? – perguntou Shinsou e o rubor que ressurgiu nas bochechas de Kaminari fez Hitoshi rezingar inconformado. – Denki, é tão simples, como não entendeu?

— Você é o gênio da turma, Toshi, não eu! – rebateu Kaminari jogando de lado.

Shinsou já estava prevendo toda aquela ladainha do namorado, do quanto ele é inferior, que não era inteligente, e isso exasperava Hitoshi ao ponto de rosnar para ele. Eles não estariam namorando se Shinsou o achasse burro e de longe era a melhor pessoa na turma. Ele odiava ver o namorado se rebaixar.

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