Primeiro dia

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Dia 29 de dezembro de 20XX

Decidimos viajar para a praia por três dias para comemorar o Ano Novo, acompanhados de nossos amigos mais próximos. No total, éramos quatro pessoas, um grupo pequeno, mas unido.

Entre nós nunca havia rolado nada além de amizade. Eu era apenas um amigo na sua mente, alguém que estava sempre por perto, mas sem intenções declaradas.

Alugamos uma casa de praia encantadora. Era uma construção simples, mas com um charme rústico que nos conquistou de imediato. Os nossos amigos eram namorados e, frequentemente, acabávamos sendo a companhia que sobrava, o que nos deixava em uma situação um tanto cômica e, às vezes, desconfortável.

Na manhã de nosso segundo dia, nossos amigos anunciaram que iam passear em outra cidade e assistir ao show da banda favorita deles. Os ingressos estavam esgotados, mas eles tiveram a sorte de ganhar um sorteio e não podiam perder essa chance. Prometeram voltar no dia seguinte. Eles precisavam de um tempo a sós, e nós respeitamos isso.

Decidimos aproveitar o dia na praia. Precisávamos relaxar também. Alugamos um guarda-sol e duas cadeiras confortáveis, posicionando-nos estrategicamente perto do mar, onde as ondas quebravam suavemente na areia.

Você tirou da bolsa um protetor solar e começou a aplicá-lo cuidadosamente nos braços, pernas e rosto. Quando chegou a hora das costas, você se virou para mim e pediu ajuda com um sorriso que não deixava espaço para recusa.

Como um bom amigo, aceitei prontamente. Coloquei um pouco do protetor, gelado ao toque, nas suas costas e comecei a espalhá-lo com movimentos lentos e cuidadosos.

Foi então que você puxou um assunto inusitado, relembrando como nos conhecemos. Eu sabia exatamente: te chamei pelo Instagram há um ano e meio, puxando conversa. Você riu e comentou que, na época, achou que eu queria te conquistar, mas você me recusou até que acabamos nos tornando amigos. Eu respondi com um simples "é né", sem dar muita importância.

Depois, pedi seu protetor emprestado e tirei minha camiseta. Eu estava frequentando a academia há uns dez meses, então meus músculos estavam mais definidos. Você notou e se ofereceu para passar o protetor nas minhas costas. Aceitei sem hesitar.

Enquanto você espalhava o protetor, fez uma pergunta que me pegou de surpresa: perguntou se eu tinha perdido o interesse por você. Fiquei sem reação por alguns segundos, mas rapidamente respondi que sim. Como eu poderia admitir que ainda gostava de você depois de todo esse tempo? Meu orgulho não permitia.

O momento ficou suspenso no ar, como se o mar e o céu tivessem parado para ouvir nossa conversa. O som das ondas parecia um sussurro, um pano de fundo perfeito para aquela troca de palavras que carregava tanto significado não dito. E assim, sob o sol da manhã, continuamos ali, com um futuro incerto e sentimentos guardados, ainda por explorar.

Bebendo umas caipirinhas e água de coco, acompanhadas de batatas fritas, aproveitamos a tarde ensolarada. O ambiente estava perfeito: a brisa do mar, o som das ondas e o calor do sol criavam uma atmosfera de pura descontração.

Brincamos na água, rindo e nos divertindo como crianças. Foi um bom momento para relaxar e esquecer dos problemas. A água do mar parecia levar embora todas as preocupações.

À medida que o sol começou a se pôr, o céu ganhou tons alaranjados e rosados. Decidimos que era hora de devolver o guarda-sol e as cadeiras, e com um último olhar para o mar, nos despedimos daquela paisagem.

Voltamos para a casa, nossos corpos cobertos de areia, uma lembrança tangível de um dia bem aproveitado. A casa, próxima da praia, parecia um refúgio perfeito para fechar o dia.

Três Dias De VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora