WISH I WERE

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Ainda me lembro daquele dia.

Quando vesti seu suéter e olhei em seus olhos, você sorriu de verdade para mim. O som baixinho de sua risada enquanto ajeitava meus fios bagunçados. Costumavam estar alinhados, mas naquele dia realmente eram uma bagunça, assim como todos os meus sentimentos e pensamentos.

E a culpa era totalmente sua. Eu não queria me apaixonar por você, Seojun. Nós sempre fomos diferentes e eu ainda não entendo como isso aconteceu. Simplesmente me peguei adorando ouvir sua voz, ver seus sorrisos - principalmente aqueles que subiam aos seus olhos -, até mesmo sua facilidade de se aproximar e conversar com as pessoas.

Pensei nisso enquanto você vinha na direção de nossa mesa aquele dia, no almoço, pela primeira vez. Me perguntei se estava alucinando e quais motivos te fariam querer vir até mim.

Senti meu coração pesar quando percebi que você, logo após me cumprimentar de forma rápida mas educada, sentou na cadeira a frente de Jugyeong, quebrando todas as expectativas que eu pudesse criar. E você sorriu para ela.

Vi o seu olhar, como o seu sorriso era diferente, como se inclinava na direção dela e prestava atenção a cada reação tímida que ela dava as suas palavras. Desviei meu olhar porque algo coçava dentro de mim e me incomodava ao pensar que não era eu quem recebia toda aquela atenção.

Engoli em seco quando você estendeu seu celular a ela e observei quando você o pegou de volta e sorriu para tela ao ler o nome do novo contato gravado. No dia seguinte você a chamou para sair.

Levou um tempo, mas percebi meus sentimentos por você, fiquei enciumado ao mesmo tempo em que sentia algo afundar em meu peito cada vez que te via com ela. Eu queria que você olhasse para mim como olhava para Jugyeong.

Alguns dias depois decidi entrar para o time de basquete porque eu realmente gostava do esporte. E porque você também fazia parte. Lembro de te ver sentado na arquibancada durante o teste, enquanto eu tentava me convencer de que estava ali apenas pelo esporte, não por você.

Entrei para o time e então comecei a te ver mais por conta dos treinos. Nós nos aproximamos, eu conseguia manter uma conversa com você e isso já era um grande passo para alguém com tão poucas habilidades sociais. Eu ficava feliz com nossas conversas, por mais que sempre tivessem como assunto o basquete e a escola.

Mas quando Jugyeong me disse que estava se apaixonando por você, perdi o chão. Eu não podia contar sobre mim, não podia ser tão egoísta, não com ela. Porém não pude esconder minha expressão quando a ouvi confessar o que sentia, e menti descaradamente quando minha única amiga perguntou por que fiquei tão estático de repente.

Era tão complicado. Eu não queria magoar Jugyeong quando ela passou a corresponder seus sentimentos, mas fui inseguro e covarde para me confessar a você antes que isso acontecesse.

Infelizmente guardar esse segredo foi pior do que eu imaginava. Não conseguia simplesmente esquecer quando os dois estavam tão perto, eu pensava nisso a todo momento, não conseguia controlar e em certo momento, realmente achei que iria enlouquecer. Sentia raiva e logo me culpava por isso.

Como eu poderia odiar Jugyeong? Como eu poderia ser tão ingrato e egoísta ao ponto de odiar alguém que não me julgou e se aproximou de mim sem medo e más intenções?

Ah, eu entendia porque você estava apaixonado, se eu pudesse também escolheria ela, seria tudo tão mais fácil. Afinal, Jugyeong era uma garota.

Mas além disso, ela era incrível. Bonita, por dentro e por fora. Era engraçada e também doce, ajudava as pessoas e as colocava acima de si, mesmo tendo os próprios problemas.

Do outro lado, eu era apenas alguém que não sabia lidar com pessoas e as afastava até mesmo sem perceber. Alguém tentando ser maduro o suficiente para lidar com os problemas familiares, mas que se tornava um verdadeiro adolescente quando se tratava de sentimentos, imerso na própria confusão e complexidade forjada.

Como você poderia me escolher? Eu ao menos seria uma opção entre todas as outras que você tem?

Tudo isso corria rapidamente pela minha mente enquanto eu via você chegando de mãos dadas com ela. Você estava a levando até a porta de casa. Eu os observava do outro lado da rua, ainda não tinham me visto, concentrados demais um no outro para que pudessem me perceber na luz baixa da rua.

E algo mantinha minha atenção presa aos dois de uma maneira que doía profundamente, fazendo meu peito pesar mais e mais. Não eram suas mãos dadas, não eram os sorrisos trocados e nem mesmo o exato momento em que você desceu o olhar para os lábios dela.

Não, Seojun. Por um instante, tudo o que eu via era vestido nela, o suéter que você um dia disse ficar melhor em mim.

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Deixe sua ☆ caso tenha gostado da leitura e até a próxima! <3

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