Uma noite estrelada

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Eu nunca tive palavras para dizer
Mas agora estou pedindo para você ficar
Só um pouco mais em meus braços
E quando você fechar os olhos essa noite
Eu rezo para que você veja a luz

14 de Maio de 2017

Stratford, Ontário - Canadá

02:52 A.M.

P.O.V. Candice Fonttine

Beberiquei mais uma vez do whisky ao meu lado sentindo minhas pernas tremerem, me apoiei no batente da cozinha e fechei os olhos vendo tudo ao redor girar

Ótimo, Candice, fique bêbada na casa do Bieber, passe por mais essa vergonha na sua vida, atualize seu currículo

Havia acordado cerca de duas horas atrás com Gabs afirmando que iria dar uma escapadinha para encontrar o Harry, afirmei que ela não tinha nada com o que se preocupar, que eu dormiria e que nada de ruim aconteceria, mas não consegui pregar o olho. 12 anos, hoje completam-se 12 anos desde que meu pai partiu, 12 anos sem o cara que me ensinou a andar, que cuidou de todas as minhas birras na infância, que me amou acima de tudo e de todos. Mais de uma década sem o meu herói, mais de uma década. É suposto que eu aguente isso? Não, não é, tenho o direito de desmoronar, nesta noite, apenas nesta noite, eu não preciso carregar o peso do Mundo nas minhas costas. Era apenas uma criança quando Alfredo partiu, não me recordo muito dos momentos em que passei ao seu lado, as vezes, flashs do sorriso do homem passam pela minha cabeça, gosto de fechar os olhos e aproveitar quando eles vêm, me sinto próxima a ele. Odeio principalmente o fato das minhas mães estarem longe nessa data, costumamos visitar o túmulo dele, Samantha chora como se não houvesse amanhã, eu a consolo enquanto minha outra mãe cuida de mim. Somos como uma escada, cada degrau é importante para se chegar ao topo e pular um deles pode trazer consequências catastróficas.

Ignorei a minha consciência e invadi a adega de Bieber, agora, terminando a segunda garrafa de Whisky, eu estava tudo menos sóbria. Confesso que peguei o celular e mandei uns áudios no grupo com as minhas mães, elas me matariam no dia seguinte. Porém, foi uma escolha minha não apagar as mensagens, acho que elas tinham de saber o quão importante seria para mim estar na presença das duas hoje.

Resolvi que não preocuparia a Gabrielle, ela precisava de uns momentos a sós com o Harry então a única companhia que me restará fora o whisky. Aliás, eu tinha de agradecer o meu querido professor depois, esse aqui é dos bons ! Será que ele gastou todo o salário dele nessa garrafa ? Talvez estivesse guardando para uma ocasião especial, não sei. Espero que ele não me mate, oh céus, ele vai me matar, não vai ? O pensamento de Justin bravo comigo me fez rir, ele sempre estava bravo comigo.

Desde que me entendo por gente, o homem parece nutrir um certo ranço por mim, na maioria das vezes eu ignoro o seu descaso para o bem do nosso amor. Tadinho gente, ele não sabe o que faz. Encarei o longo corredor que dava acesso aos quartos, minhas iris se voltaram a última porta, cada pelo presente em meu corpo se arrepiou no instante em que imaginei aquele monumento dormindo do outro lado da madeira. Nunca o vi dormir. Claro que já imaginei a cena mil vezes, gostava de pegar no sono mentalizando ele comigo na cama, suas mãos estariam envolta do meu corpo e eu descansaria em seu peito, o loiro depositaria um beijo na minha testa e afirmaria que me ama, pois na minha fantasia, ele sempre diz que me ama.

Caminhei até a varanda com a garrafa em mãos, trajando apenas uma camisola de cetim preta não me preocupava com o fato de que alguém poderia me ver assim, precisava fumar um cigarro. Assim que abri o vidro e pisei do lado se fora, a brisa fria da madrugada do Canadá bagunçou o meu cabelo, alguns fios insistiam em parar em frente os meus olhos.

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