Como destino escrito sobre a pele em marcas invisíveis, sempre existiram esses girassóis gravados em mim. Sempre fui amarelo vibrante buscando algo que fosse fascinante e fúlgido para cativar uma flor de beleza própria com outrem além das próprias pétalas, do próprio jardim.
Quando o mundo para todos parecia ser infindavelmente pífio fora de uma mesma bolha, costumava recordar de vovô e os almejos de uma geração já envelhecida sobre um mundo bom e afortunado, lembrava de meus próprios desejos sobre aquela coisa flamejante que faria o mundo parecer grandioso e inexplorado o suficiente para que não víssemos aqueles detalhes minúsculos que possuíam capacidade de melhorar o dia - até mesmo a vida - de alguém. E então aspirar aquelas particularidades para reivindicá-las para si.
Reivindiquei algumas apenas para mim. O ar frio do congelador contra a pele; lamber o sorvete o mais rápido possível para que não derreta no dia de calor intenso; os pequenos entalhes em mesas contando histórias perdidas e esquecidas, histórias que nunca saíram do coração de seus possuidores ou da madeira antiga; todas as pequenas minúcias que eram de todos e de ninguém, e então foram minhas.
Naquele dia, eu tomei mais uma, gritei ao vento e mantive silêncio ao ver o Sol chegar e partir, o Sol fora dos céus e de todas as reclamações sobre, aquele pedacinho feito de luz de amanhecer que ninguém tomara para si, o meu pedaço das estrelas.
Ainda lembro do moletom amarelo que você usava, de como agora ele está ao lado de meu vestido favorito. Lembro do sorvete de baunilha que derretia em seu copo de plástico deixando aqueles jovens pontinhos doces e coloridos se afogarem no mar igualmente açucarado, de sua risadinha com meu nariz sujo de sorvete de chocolate e de perguntar-me como eu gostava daquele sabor porque, em um ranking teu, ele seria o último.
Lembro de todas as coisas daquele dia, de seu cabelo escuro caindo como chuva, dos olhos feitos dos primeiros raios de luz da manhã flamejantes com felicidade genuína, de cada detalhe desde a forma como o rosto parecia ter sido milimétricamente desenhado até as covinhas perdidas naqueles sorrisos que escondiam os dentes; notei, anotei, guardei e registrei cada uma daquelas coisas, dos olhos de Sol e cabelos como queda-d'água e depois desenhei o arco-íris que formavam. Preservei cada estudo sobre aquela grande estrela, segui fazendo jus ao que sempre esteve gravado em mim, fazendo jus ao destino escrito na pele, fui um girassol, teu girassol.
Te amei do amanhecer até à noite, adorei-o quando iluminava outro lar e deixava aqui apenas teu reflexo no luar, e amei novamente ao ver você voltar. Depois guardei o gosto de crepúsculo dos lábios, o calor estival da pele que deixava-me febril, gravei o som das risadas como se fosse a letra de uma antiga canção, os passos de dança que iam de grandes coreografias até passos que lhe acompanhariam até a cozinha. Havia encontrado aquela coisa flamejante cheia de detalhes, manias e histórias e deixei que mostrasse-me tudo isso para que eu guardasse em mim.
Então agora, sob essas luzes que não se comparam ao teu brilho, você sorri e lê cada página, vê e memoriza cada imagem nossa e teus olhos brilham de felicidade genuína novamente, teus olhos brilham com o resquício de lágrimas ali. Aquela alegria que eu amo está aqui novamente e você veste ela muito bem. E ela veio de quando você observou meu pequeno jardim de detalhes, de todo o meu - que tornou-se nosso - universo e de como mostrei que você era parte grande dele. Ela veio de quando tu observou a mim, as minha pétalas amarelas e notou que tu era o Sol que ajudava elas a estarem tão bonitas. Aquela alegria surgiu sob as luzes das velas de um jantar romântico e combinou com o arranjo de flores sobre a mesa. Essa alegria nasceu na claridade do fogo crepitando sobre a cera das velas refletidas em um anel brilhante. Então tu olha para mim sabendo que tudo aquilo, a comida, a luz e os anéis, que todas as minhas palavras e todos os meu girassóis são para você.
- Jung Hoseok, você quer se casar comigo?
Posso sorrir também porque você ama as pétalas que são parte de mim. Posso sorrir também porque esse brilho em ti, essa felicidade, agora também é minha. Posso sorrir já que o Sol ficará e iluminará meu jardim, entre nós não existem mais noites, não existem despedidas.
- Meu Deus! É claro que eu quero! - As lágrimas brilhavam em teus olhos como estrelas. - Eu te amo, Girassol.
Porque como destino escrito sobre a pele em marcas invisíveis, nós sabíamos, o girassol sempre seguirá o Sol e a grande estrela ardente e alegre sempre iluminará aquela flor, aquela amante de luz da manhã.
- Eu amo você, meu pedaço das estrelas.
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Todos os meus girassóis a você - Jung Hoseok
Fanfiction"Porque como destino escrito sobre a pele em marcas invisíveis, nós sabíamos, o girassol sempre seguirá o Sol" Especial de aniversário para Jung Hoseok 17/02/21