Tudo vai ficar bem

Aviso de gatilho: vícios, tortura

Acordo e olho para os lados, vejo um monte de luzes que até atrapalham meus olhos.

- Finalmente a bela adormecida acordou, né? _ escuto uma voz que parece vir de lugar nenhum e de todo lugar ao mesmo tempo - tu é de quando, hein?

Pisco algumas vezes tentando me adaptar às luzes coloridas, quando finalmente consigo olho para os lados procurando de onde vem a voz.

O local é bem sujo, estou numa cadeira que parece daquelas e fazer tatuagem, percebo que as luzes não vem de nenhum led e sim de pequenos pontos no ar que ficam piscando em diferentes cores. As paredes tem pichações em cima de pichações. O chão é quase preto de tão nojento e asqueroso.

- Responde aí porra _ escuto a voz de novo _ de quando é que tu é?

- Quando? _ questiono.

- De que ano tu veio, sue imbecil do caralho.

- Dois mil e vinte?

- Maneirasso, nunca conheci ninguém do milênio retrasado. Nossa, tu então deve estar mó perdide falando com o nada, só um minuto.

Quando a voz diz isso começo a perceber uma pequena mudança na iluminação do ambiente, as luzes ficam mais fortes e começam a se mexer, todas na mesma direção. Em poucos segundos todas as luzes ficam em um só lugar e fica um clarão tão forte que preciso fechar os olhos.

Quando os abro novamente vejo uma coisa na minha frente:

- PUTA QUE PARIU! Você é um robô?! _ grito enquanto tento me afastar do robô que apareceu na porra da minha frente. O robô parece bastante com um ser humano, exceto pelo fato de que todo o seu corpo parece ser feito de algum metal preto e muito brilhante, é possível ver pedaços brancos onde provavelmente são o encaixe das peças, seus olhos brilham vermelho.

- Eu prefiro o termo andróide, mas entendo a confusão.

Acho que estou com a cara mais assustada da minha vida inteira. Que porra é essa?!?!

- Porra, não imaginava que pessoas do milênio retrasado eram tão histéricas. Toma isso.

O robô me oferece um copo com um líquido verde fluorescente dentro, tinha cara de ser radioativo

- Eu não vou tomar isso nem fudendo.

- Toma logo isso, pra tu parar de ficar tão histérique.

- O, ele, o.

- O quê?

-Minha apf é o, ele,o.

- Ah, a minha também. Agora toma logo essa merda.

Olho ao meu redor, a única saída está atrás dele, teria que passar por ele pra talvez alcançar a porta. Eu não sei qual reação ele teria se eu tentasse sair ou se eu recusasse mais uma vez a bebida.

Peço a algum deus se algum deles existir que façam com que aquele troço não me mate e viro o copinho como se fosse um shot de cachaça.

Sinto minha garganta relaxar e em segundos já estou mais calmo. É como se todos meus problemas não importassem mais, tudo iria dar certo e tudo iria funcionar.

- E aí, tá afim de conhecer o lugar?

- Claro, porque não.

- Beleza então, só um minuto _ ele olha para o nada e seus olhos ficam brancos e ele começa a fala _ opa... tô ligado sim... Seguinte, vai ter um no descarte em vinte segundos... Eu sabia, você é a melhor... Até mais _ seus olhos voltam a ficar vermelhos, ele vira pra mim e diz _ bora então.