Prólogo

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É engraçado como tudo uma hora desaba, as vezes tudo parece indo muito bem e como tudo na vida é um equilíbrio, uma hora as coisas tendem a ficar ruins.
Eu lembro perfeitamente quando tudo ficou ruim, estava no trabalho no final do expediente. Eu trabalho em uma cafeteria e as vezes as coisas ficam bem corridas, tudo aqui é temático dos anos 80 e as vezes somos obrigados até a cantar e fazer coreografia (essa parte eu gosto), posso não ser a pessoa mais bonita e atraente que você já viu, mas até que quando faço as coreografias que são sempre exageradas e estranhas, vejo algum menino olhando para mim, não sei se seria interesse em mim, ou somente olhando bem para gravar na memória e poder compartilhar com amigos a cena de um gordinho ridículo achando que dança como a Beyoncé quando na verdade está mais para um elefante tendo um derrame.

São quase nove da noite e a partir de agora começo a ficar agitado porque costumo sair às 22, mas esse horário sempre tem algum cliente que não está com o mínimo de pressa pra sair e ir para a casa. Quando consigo, volta e meia dou uma olhada rapidamente pelo celular, mas sem demorar muito porque o gerente Valter, fica sempre de olho em tudo e todos, e quando você menos espera, ele está do lado de fora meio escondido em uma pilastra observando como trabalhamos aqui. Valter nunca teve muita confiança em seus funcionários, talvez seja pelo fato do seu histórico de dedo podre para contratar funcionários, e isso inclui de roubar a cafeteria, até roubar a sua mulher (e eu não estou nem brincando).

Essa correria inteira me faz sentir falta de Felipe, um Ex funcionário, o qual eu senti muita falta quando saiu daqui, até hoje não entendi muito bem sua saída, mas foi conturbada o suficiente para nunca mais pisar os pés aqui. Felipe foi o único que teve toda a paciência do mundo para me ensinar tudo a respeito da cafeteria, me apresentar os tipos de clientes e como fugir de uns perrengues também. Certa vez ocorreu ate um caso de uma cliente que o ameaçou de várias formas possíveis, tudo isso porque ele estava distraído o suficiente para não notar que ele na verdade era ela. Desde sua saída ficamos ainda mais próximos.
Olhando o celular discretamente, noto que o grupo "Happy Hour", está com muitas notificações e isso pode ser muito bom ou muito ruim, mas parando pra pensar, se fosse realmente ruim alguém já teria me ligado, então provavelmente alguma coisa vai acontecer essa noite e finalmente vamos nos juntar para distrair um pouco.

"Happy Hour", foi criado em uma noite onde eu terminei meu relacionamento, e em busca de afogar as magoas eu recorri a um bar, chamei meus muitos amigos (que são 4 no caso, sendo um deles Felipe), e nos divertimos muito, porém rolou umas coisas que alguns podem achar falta de caráter, tipo Felipe beijando Bernardo que já é casado, e Bernardo beijando Sara, que estava conhecendo uma pessoa até então, hoje essa pessoa chama Henrique o qual namoram. Teve também o Daniel, ele sempre fica meio afastado da gente, é meio retraído, mas quando se solta, Bocas viram Bocas independente de quem a carregue. E eu? Claro fiz parte de tudo isso, mas não pegando meus amigos, peguei foi geral no bar, batendo meu recorde de 2 pessoas na noite, isso se for contar um na hora que entrei e outro depois da meia noite, se não for assim, meu recorde cai por terra. Depois de uma noite louca, de bebidas e umas coisas ilícitas, em nenhum momento um julgou o outro e assim foi criado o grupo, ele sempre se movimenta quando alguém briga com o parceiro ou precisa sair para se distrair a ponto de fazer alguma merda e não ser julgado por isso.
E eu amo tudo isso, meus amigos são do tipo que nunca vai te julgar, independente do quão grande é a merda, a gente sempre tá um do lado do outro, sem apontar ou criticar.
Sem julgamentos, é o nosso lema, mas bastou 4 Happy Hour para cair por terra.

Happy Hour - Sem JulgamentosOnde histórias criam vida. Descubra agora