O pequeno príncipe Daniel estava se divertindo com alguns plebeus que conheceu na vila. O rei achou que o príncipe cresceria humilde se convivesse com outras crianças menos nobres.
O príncipe conheceu um menino e os dois passaram a brincar diariamente. O nome do menino era Elidio. E Daniel e Elidio viraram melhores amigos.
Mas o peso da vida chegou para o príncipe Daniel. Ele cresceu, então não brincava mais. E não ia mais à vila, nem para encontrar o seu antigo amigo Elidio. O rei estava ensinando o seu único filho a liderar todo um povo. O príncipe não tinha tempo para encontrar amigos. Então o príncipe Daniel cresceu solitário.
Um dia, o príncipe Daniel foi para o quarto, nervoso com todos os seus afazeres reais.
"Estou farto de toda essa baboseira!" exclamou o príncipe. "Meu pai está me sobrecarregando!"
Os guardas reais, que não tinham autorização para entrar nos aposentos do príncipe, avisaram d'outro lado da porta que o rei chamava o seu filho. O príncipe, querendo fugir das suas obrigações, se vestiu de maneira mais simples e pulou a janela de seu quarto.
Com um capuz cobrindo o seu rosto, o príncipe andava por entre os plebeus sem ser reconhecido. Viu como a vida fora do castelo podia ser tão mais divertida. Quando se deu por satisfeito, Daniel voltou ao castelo. O rei, curioso, perguntou onde que o príncipe estava, que ninguém no palácio conseguiu o encontrar. Com uma desculpa esfarrapada, Daniel conseguiu se livrar da bronca que levaria do pai.
E assim, Daniel escapava do castelo diariamente. Os passeios estavam lhe fazendo bem, distraindo-lhe a cabeça.
Em uma de suas escapadas, o príncipe esbarrou em um rapaz. Era moreno e não muito menor que ele.
O príncipe se apaixonou pelo rapaz assim que pôs os seus olhos n'ele. Seu coração palpitou mais forte. Suas pernas tremiam. Estava suando como se estivesse perto do fogo. Sentiu milhares de borboletas em seu estômago.
O príncipe Daniel não sabia o que estava acontecendo. Para ele, eram sintomas de alguma doença.
"P-Príncipe?" reconheceu o rapaz. A fala fez o príncipe acordar de seus devaneios.
"M-me reconheces?" Daniel perguntou aflito. Então percebeu que seu capuz havia se retirado e o recolocou rapidamente.
Ainda aflito que mais alguém tivesse o reconhecido, o príncipe agarrou o pulso do rapaz e o puxou para trás de uma carroça vazia.
Quando Daniel largou o pulso do rapaz, este faz uma reverência para o príncipe.
"O-o que te traz aqui, sua majestade?"
"Pare a reverência" disse o príncipe. "Aqui, não sou o príncipe. Apenas Daniel"
"Como quiser, majestade... quero dizer, Daniel"
O príncipe dá um sorriso.
"Mais uma coisa. Não dirás a ninguém que eu estive aqui"
"Eu não faria tal coisa."
"Obrigado... uh..." diz o príncipe, induzindo o rapaz a citar o seu nome.
"Elidio, altez... Daniel" diz o rapaz, se corrigindo rapidamente.
"Obrigado, Elidio"
O nome traz até o príncipe uma certa familiaridade.
"Já nos vimos em algum momento? Teu nome me é familiar"
"Vossa alteza e eu brincávamos quando crianças. Éramos melhores amigos"
A informação desperta memórias no príncipe.