- Ouvi dizer que Elidio gosta de mim.
- O quê? - respondeu Anderson, surpreso pelo comentário vindo do chefe.
- Sei lá, só ouvi dizer. Quero saber se é verdade.
O patrão manteve firme o olhar naquele que era praticamente o seu braço direito na empresa, esperando por uma resposta.
- Desculpe, senhor, não sei do que se trata - disse Anderson.
Daniel fechou os olhos por um momento e respirou fundo.
- Sabe muito bem do que se trata, Anderson.
É claro que Bizzocchi sabe do que se trata. O terceiro andar inteiro espalhava esse boato.
Elidio era responsável por administrar o terceiro andar, então todos o consideravam um patrão. Qualquer história a seu respeito se espalhava como gripe.
- Como sabe dos boatos? - perguntou Anderson.
- Eu sou o CEO. No mínimo devo saber o que se passa na minha própria empresa. - Daniel fez uma pausa considerada dramática. - E eu paguei vinte pratas para o zelador me dizer a história.
A quebra de expectativa tirou agumas risadas de Anderson.
- Mas chefe, por que se preocupa com isso?
Daniel deu de ombros.
- Se for verdade, posso fazer algo que o magoe. Não quero isso.
Anderson arqueou uma sobrancelha.
- Por que isso agora? Nunca se preocupou em magoar os seus subordinados antes.
Anderson percebeu que aquilo soou mais rude do que deveria parecer.
- Uh... Quer dizer, chefe... Desculpe, não era pra... sair assim.
Anderson baixou a cabeça, esperando ser repreendido, mas foi surpreendido pela risada de Daniel.
- Fique tranquilo, Anderson. Eu sei o que quis dizer. Você é de minha confiança, bem como Elidio, Cíntia e os outros que me ajudam em administrar. Não sei onde estaria essa empresa sem vocês.
- Obrigado, senhor - sorriu Anderson.
- Elidio é um dos meus melhores funcionários. É eficiente, de confiança e um ótimo colega de trabalho. Eu ficaria chateado se o magoasse.
Anderson balançou a cabeça em afirmativo.
- Também ouvi dizer sobre esses boatos, Daniel. Os dizeres também se espalharam nos andares próximos, o que inclui o meu.
- Você e Elidio chegaram a conversar sobre isso em algum momento? - pergunta Daniel se sentando em sua cadeira.
Anderson faz que sim.
- Nos encontramos hoje de manhã, quando fomos tomar o café da manhã. Acabei comentando com ele dos boatos sobre ele que se espalharam.
Daniel se inclina para frente. Ele estava mais ancioso do que devia estar com a resposta.
- E...? - incentiva o amigo a falar.
- Bem... Quando eu disse isso, Elidio riu. Disse que era uma tremenda besteira.
- Ah - Daniel sentiu uma pontada de decepção - sim. De fato é uma baboseira. Obrigado, Anderson, pelo retorno. - Daniel se levanta de sua cadeira, deixando Anderson um pouco perdido.
- Mas eu nem terminei...
- Isso foi o suficiente - cortou Daniel. Ele foi até a porta de sua sala e deixou-a aberta, um gesto para que Anderson saísse. - Muito agradecido.
Anderson, mesmo sem ter contado toda a história, saiu, deixando Daniel com os seus pensamentos.
Mesmo sem querer admitir, Daniel queria que Anderson tivesse dito que Elidio de fato gostava de Nascimento.
Daniel nunca soube de toda a história, bem como a pessoa que está lendo essa fanfic nesse exato momento.