Amor de Lavanda • Yeonbin

Nós dois

Vocês acreditam em destino?

Até um certo ponto da minha vida eu sempre achei que essas coisas eram só bobeiras de adolescentes que acompanhavam fervorosamente revistas teens e verificavam previsões de seus signos diariamente.

Bom, de qualquer forma, eu não tinha muito tempo pra me questionar sobre isso, minha vida se resumia a reclamar sobre o curso que eu escolhi por conta própria, atormentar meu melhor amigo e procurar, incansavelmente, por emprego.

Eu curso administração, mas com o tempo percebi que não era exatamente o que eu imaginava e tampouco algo que eu goste de fazer, não que eu pensasse que assim que entrasse na faculdade eu ia conseguir várias propostas de estágios, mas era exatamente isso que eu pensava.

Já fazia cerca de 1 mês que eu havia começado a lutar por um espaço no mercado de trabalho, eu precisava pagar minhas contas e obviamente me sustentar.
Não, eu não nasci em berço de ouro e tampouco recebo uma mesada generosa dos meus pais todo mês. Minha conta bancária só não dava aranha porque realmente não tinha como.

Por fim, a realidade me acertou em cheio e a única coisa que chegou mais perto de ser um trabalho foi quando o pai do Hueningkai me deixou ajudá-los na floricultura deles, o que durou exatos 5 dias.
Digamos que eu não tenho uma mão muito boa para plantas e acabei deixando morrer algumas. Mas isso é conversa para outra hora.

O foco aqui é: minha última chance de conseguir alguma coisa, só um salário no final do mês e posso me considerar o universitário mais feliz do mundo.

[....]

E lá estava eu, com o mesmo envelope de sempre, segurando firme contra meu peito como se o papel fosse sair voando a qualquer momento, levando embora o que eu ainda nem tinha.

A perfumaria que ficava em frente à minha faculdade não era: "uau, meu sonho trabalhar aqui", mas ultimamente não ando podendo escolher muito, e se o preço pra ter meu bolsinho pesado no final do mês for passar o dia vendendo perfumes, incensos e bombas de banhos, farei isso com o maior prazer.

Respirei fundo e entrei no local, que fez um barulhinho engraçado de sino no momento que abri a porta, rapidamente pude sentir a mistura de cheiros invadindo agressivamente meu nariz, dos amadeirados até os mais doces possíveis.
Espiei as prateleiras vendo a variedades de coisas que vendiam ali, aparentemente uma perfumaria não vende só perfumes.
Esperanças de conseguir? Não tinha nenhuma, mas do que importa um empurrãozinho pra quem já está na merda, não é mesmo?

Me dirigi até o balcão vendo um garoto um pouco mais baixo que eu, seus cabelos castanhos escuros um pouco compridos cobriam parcialmente seus olhos, fazendo o mesmo murmurar irritado enquanto digitava algo no computador.

– Bom dia. – Minha voz acabou saindo mais baixo que o normal, fazendo o garoto olhar confuso para mim. – É... eu não sei se vocês estão aceitando estagiários, mas eu queria deixar isso aqui, se caso precisarem algum dia. – Deslizei o envelope no balcão me virando para ir embora, quando o escuto coçar a garganta, me fazendo voltar a atenção para ele novamente.

– Bom dia, moço, desculpa, mas não estamos precisando de estagiários no momento e acho que não abriremos vagas tão cedo. – Ele estendeu o envelope de volta para mim, sorrindo, talvez na tentativa de me consolar, pois a cara de decepção que eu fiz foi tão grande, que se outra pessoa visse me daria essa vaga só por pena.

– Oh, tudo bem então, obrigado do mesmo jeito. – Forcei um sorriso, que parecia mais uma careta de dor e peguei meu envelope, me virando novamente para ir embora até escutar outra voz entrando no salão.

– Como assim não temos vagas? Claro que temos, sempre temos, aqui é tipo coração de mãe, sempre cabe mais um! – Um outro garoto apareceu atrás do balcão, me pergunto de onde ele saiu. Suas roupas iguais do outro denunciara que também trabalhava ali.
Ele estava ofegante como se tivesse acabado de correr uma maratona, ajeitando seus cabelos loiros e tentando fazer uma pose enquanto se apoiava na parede, sorrindo largamente para mim.