𝘫𝘶𝘴 𝘱𝘳𝘪𝘮𝘢𝘦 𝘯𝘰𝘤𝘵𝘪𝘴

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Noah suspirou. Toda aquela discussão sobre o "direito da primeira noite" o deixava irado. Não sabia como estava sobrevivendo ao seu segundo mês no posto de senhor feudal, já que além da chateação com o luto por seu pai ainda o incomodar, ainda tinha de se preocupar com toda a merda que iria controlar dali em diante. Ele nunca havia consentido com aquelas leis, mas de nada adiantaria se rebelar contra sua família por não concordar com suas ações, sendo que isso não alteraria nenhum fio daquela sociedade, seja em como as classes eram divididas ou em como a inferior era tratada.

Na realidade, ele não acreditava que algum dia a divisão de uma classe superior inferior, sumiria. Talvez fosse de instinto humano se impor contra um grupo, por mais deprimente que isso soasse. Sempre pensara fora da caixa e embora não colocasse muita fé, ele estava aguardando o momento em que poderia mudar algo em tudo isso, ou somente amenizar um pouco. E bem, era aí que surgia o mínimo lado bom de ter se tornado um senhor feudal.

Ele havia se tornado superior, e ninguém poderia questioná-lo. Portanto, ele usaria seu poder pra tornar tudo— ao menos nas terras que lhe pertenciam — menos pior. Talvez dar um intervalo para os camponeses inferiores, enquanto ninguém estava vendo. Ele faria o melhor que conseguisse. Contudo, ainda não era em tudo que ele podia trapacear, ainda existiam momentos que ele era obrigado a manter a postura

Felizmente, o tal "direito da primeira noite", era um dos casos que ele, até o momento, poderia trapacear, seguindo a ideia de que ele supostamente deveria desvirginar a súdita em questão em um local privado. Três casórios haviam sido efetuados e ele não havia tocado em nenhuma das moças, apenas mantinha-se por uma hora com elas em algum local fechado, sem fazer absolutamente nada e depois desse tempo, deixava-as ir, apenas exigindo que elas conservassem tal segredo. Ele se sentia aliviado por poder controlar isso ao menos em todas as terras que herdara de seu pai.

Interrompendo seus pensamentos, um casal adentrou o cômodo em que estava; a mulher possuía cabelos loiros que alcançavam seus cotovelos, tinha olhos azuis e uma pele clara, assim como seu suposto esposo. Esse que também tinha cabelos loiros. Seus olhos também eram claros, em um azulão de longe encantador, como alguma queda de água cristalina q refletia o céu. Sua epiderme soava macia como seda e algodão, ambas unindo-se em um contraste equilibrado.

Urrea não pode evitar ter sua atenção capturada pelo rapaz, que era aparentemente mais novo. Cada pedacinho dele parecia gritar e clamar para ser tocado e Noah quase se engasgou com os pensamentos que, involuntariamente, invadiram sua imaginação. Ele não deveria se imaginar em algum tipo de contato íntimo com aquele garoto. Com nenhum garoto. De jeito algum.

— Os deixarei sozinhos. — um outro servo, encarregado de supervisionar, falou, indo buscar o noivo presente ali.

Diante daquela situação, Noah ponderou, e permaneceu ponderando. Ele havia definido que não faria nada com nenhum dos dois, principalmente se não fosse consentido. Mas também havia sido atraído por aquele bendito garoto. Nunca ocorrera antes, por que naquele momento, então?

— Espere. — Urrea interrompeu, ficando em silêncio quando todos pararam o que estavam fazendo. O garoto finalmente olhando para Noah, de maneira que esse certamente ganhasse o resto de coragem que precisava.— Deixe-me conversar com ele por um instante. Leve-a.

Foi o que bastou para deixar todos ali meio perdidos. O rapaz arregalou os olhos azuis, não sabendo se olhava para Urrea ou para o outro súdito, que também parecia desconcertado. — Rápido! — exclamou o superior, fazendo com que os indesejados rapidamente deixassem o cômodo. — Leve-a para dar uma volta. Vou demorar.

O ambiente ficou em silêncio. Ele não queria assustar o garoto, até porque ao menos respiraria perto desse caso ele não permitisse. Noah repugnava a ideia de fazer alguém se sentir desconfortável em qualquer situação que fosse, muito mais a ideia de fazer algo contra a vontade de alguém. No entanto, não imaginava que na realidade, o outro não estava com medo. Em algum momento, o servo presente ali descobrira por alguma fofoca que Urrea era um bom homem e em todos os outros casos de casórios em suas terras, ninguém perdeu a virgindade contra a vontade

jus primae Noctis// nosh beaurreaOnde histórias criam vida. Descubra agora