É ela!

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— Eu acho que devíamos levar ela num médico.

— Acho melhor internar em um hospício. — Deu de ombros.

Os cochichos vindo do outro lado da sala silenciosa quase que ecoavam pelo local, seus olhos se reviravam a cada vez que uma começava a falar alguma coisa sobre o episódio de mais cedo no quarto. Com uma expressão fechada, observava as duas mulheres conversarem na poltrona, Lexie ocupava a mesma enquanto Cristina mantinha-se sentada no braço da mobília.

— Será que as duas poderiam parar de falar sobre mim como se eu não estivesse aqui?! — Perguntou, retoricamente. — Eu não sou doida!

— Meredith, você disse que viveu uns trinta anos nos trinta segundos em que ficou inconsciente, isso não é possível. Ou é? — O olhar da mais nova pairou sobre a outra morena, que arqueou as sobrancelhas.

— Nem olha pra mim, a doida é ela.

— Cristina! — A loira exclamou, indignada, bufou em seguida.

— Você não conta o que você "viveu" — Fizera aspas com os dedos. —, quer que a gente faça o quê?

— A gente devia levar ela em um médico, eu já disse! — Reforçou a Grey mais nova.

— Pois eu acho que já pode internar.

— Não é assim que funciona, Cristina.

— É mais fácil do que você imagina.

— Chega! — Meredith esbravejou, levantando-se do sofá, o lençol que estava sobre seu colo foi ao chão no mesmo instante.

Ela suspirou pesadamente, já cansada daquele assunto, ainda conseguia sentir tudo daquele suposto sonho, e estava odiando tudo aquilo.

— Eu vou pro meu estúdio e que nenhuma das duas ouse pisar lá se for pra falar disso, porque eu juro que enfio meus pincéis em vocês onde o sol não bate!

Os passos fortes de Meredith foram ficando cada vez mais distantes ao longo em que se retirava do cômodo, claramente havia ficado estressada pela conversa não ter chegado em, absolutamente, lugar nenhum. As duas se entreolharam confusas com o comportamento de Grey, decidiram que ainda fariam mais perguntas para a loira, porém deixariam para depois, quando a mesma estivesse calma e relaxada, com a cabeça no lugar.

(...)

Em seu estúdio, Meredith mal viu o tempo passar, pegou uma grande tela branca, seus pincéis e tintas e começou a botar na tela límpida o rosto desconhecido, mas ao mesmo tempo tão familiar, que invadia sua mente toda vez que ousava pensar naquele assunto e que quase lhe tirava o pingo de sanidade que restava em si. Começou com um tom rosado para a pele, pouco claro, partiu para as grandes, onduladas e volumosas madeixas ruivas, então o nariz fino e pouco empinado, logo após desenhara os lábios em um tom avermelhado, e então correu para pintar as íris esverdeadas, a intensidade que lembrava que as mesmas tinham lhe faziam querer pintar mais e mais, colocar tudo em uma tela branca, um papel, uma parede, ou qualquer outro lugar onde pudesse se expressar.

Na metade do trabalho, pegou seu celular e colocou no aplicativo de música, em seus ouvidos ela encaixou seu fone sem fio que, obviamente, funcionava por bluetooth e deixou tocar qualquer música de sua playlist, alto o suficiente para que, caso alguém bata na porta de seu estúdio, ela não ouça. Queria apenas focar-se em colocar aqueles trintas anos em um quadro – na verdade, colocar a pessoa que passou os trinta anos ao seu lado, a desconhecida dona do sorriso brilhante e olhos que pareciam duas esmeraldas.

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⏰ Última atualização: May 01, 2021 ⏰

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