Capítulo 4

15 0 0
                                    

As duas sentadas a olhar para o guarda roupa.
Rafa – Mas como raio é possível?
Kat – Tanta roupa e nada para levar…
Rafa – Coragem…
Ela bufa.
De repente, levanto-me e tiro do roupeiro, um vestido branco florido, leve e solto, comprido na parte de trás e curto na parte da frente por cima do joelho, um body preto, justo com as costas abertas e uma saia com lentejoulas douradas.
Kat – Toma, ficas com este conjunto.
Rafa – Boa escolha! Vais levar esse branco?
Kat – Sim, porquê?
Rafa – Pensei que fosses com algo bem justo…
Kat – Vai lá estar o Tim e quero evitar que ele tenha motivos para vir falar comigo.
Rafa – Entendo, mas nem parece teu.
Arranjamo-nos e de seguida descemos para o jantar com os nossos pais.
Depois de jantar ficamos em família na sala a ver Tv em quanto esperamos pela chegada do Kenny
Pai – Meninas, está um carro lá fora!
SMS do Kenny.
<<Cheguei!!>>
Kat – É ele, vamos!
A Rafa olha para o relógio.
Rafa – É pontual!
Kat – Ao contrário de ti!
O pai ri.
Pai- Até logo!
Nós – Beijinhos.
Andamos juntas até ao carro e entramos.
Kenny – Nossa, ainda mais giras que o habitual!
Kat – Já devias saber que somos umas gatas!
Kenny – Já vi que tenho mesmo de tomar conta de vocês.
Kat – Menos meu amor, tomas conta da Rafa, porque de mim tomo eu.
Rafa – Que lata… mas também, com esse vestido solto ninguém se vai meter contigo!
Kat – Mau! Mas tu tiras-te a noite para te meteres com o meu vestido?
Kenny – Não quero ser chato, mas ela tem razão, é estranho ver-te sair sem ser com roupa justa.
Kat – Olha que dois… A parte de cima é justa… um pouco… e é curto na parte da frente…
Kenny – Tu quando sais vais sempre com roupa mais justa e bem curta!
Kat – Mas que chatos…
Rafa – Pronto, já não dizemos mais nada, se não ninguém atura a freira o resto da noite!
Kat – Porca! Não me chamas freira!
Todos rimos
Chegamos a casa da Tara.
Ela está bastante ocupada com os convidados e aproveitamos para admirar a decoração. Uma bela festa de 23 anos.
Vi que havia clima entre a Rafa e o Kenny, então decidi vir para o jardim e deixá-los a sós.
Tim – Oi.
Tinha de me vir chatear...
Kat – Olá, como estás?
Tim – Melhor, queria pedir-te desculpa.
Kat – De quê?
Tim – Pela outra noite, fui um parvo.
Kat – Deixa lá, já passou.
Sorri amigavelmente.
Kat – Mal de mim se ficasse chateada, tu és o meu par de Pa de Deux.
Tim – Lá isso é verdade, tens de levar comigo todos os dias.
Kat – Para mal dos meus pecados.
Pisco-lhe o olho, e deixo sair um sorriso.
Tim – Até parece que é mau!
Kat – Podia ser bem pior, pelo menos já não me pisas os pés!
Digo numa gargalhada.
Tim – Anda, vamos lá dentro buscar alguma coisa para beber.
Kat – Boa ideia!
Fomos juntos para a mesa das bebidas.
Tim – O que vais querer?
Kat – O mesmo de sempre, uma Vodka laranja, por favor.
… - Muito mais educada agora!
Alguém me sussurra ao ouvido.
Kat – Desculpa?
Viro-me indignada, para ver quem é, qual não é o meu espanto quando me deparo com o rapaz da mota desta manhã.
… - Estás desculpada!
Kat – Eu é que sou mal-educada? Tu é que és um anormal que andas a gritar coisas no meio da rua para uma pessoa que nem conheces!
… - Coisas? Limitei-me a constatar um facto
Kat – Ai sim? Que facto foi esse?
… - Loirinha.
Sussurra a última palavra bem no meu ouvido
Tim – Amigo precisas de alguma coisa?
Ele não gostou de o ver sussurrar-me ao ouvido e só espero que não arranje problemas. São os anos da Tara e para além do mais, eu sei defender-me sozinha!
… - Um sumo de laranja, seria gentil da tua parte!
O Tim, entrega-me a minha bebida, e dá o sumo ao rapaz, tentando ser gentil.
Tim – Kat vamos?
… - Kat… um nome lindo de mais para uma rapariga como tu!
Passa o indicador pelo meu rosto.
Kat – Para ti é Katherine, e o que queres dizer, com uma rapariga como eu?
… - Ui que ela até tenta impor respeito... sim como tu, uma rapariga que faz gestos obscenos no trânsito!
Kat – É o que os mal-educados como tu merecem!
Tim – Kat vamos, deixa o gajo!
Kat – Tens razão ele não merece as minhas palavras!
Reviro os olhos e viro as costas, mas ele coloca a mão no meu braço impedindo-me de caminhar.
Kat – É bom que me largues!
… - Se não?
Kat – Não vou voltar a repetir!
… - Se não…
Despejei-lhe a bebida para cima.
Kat – Ups… caiu!
Fiz carinha de santa, ele larga o meu braço e começo a caminhar. Sinto o riso do Tim.
Ele tira o seu casaco, empurra o Tim com força, deixando-o cair no chão e pega-me modo saco de batatas, colocando-me no seu ombro.
… - Vais arrepender-te disso!
Kat – Larga-me! Mete-me no chão! Não me toques!
… - Vais ter de pagar pelo que fizeste!
Caminha para o jardim.
Kat – Larga-me!!!
… - Foste tu que pediste!
Manda-se comigo para dentro da piscina.
Quando volto à superfície, ele pega-me pela cintura e volta a puxar-me para baixo.
Consigo soltar-me e volto à superfície.
Kat – És um atrasado mental!
Grito-lhe.
… - Achei que estavas a precisar de refrescar as ideias, e perceber que as bebidas são para beber e não para as despejar sobre as pessoas.
Kat – OTÁRIO!
Saio da piscina em quanto grito com ele.
… - Esse vestido não te favorece, ficas muito melhor apenas com essa lingerie rendada, quem me dera tirá-la!
Diz provocando-me em quanto me admira.
Ao olhar para mim percebo que o vestido ficou totalmente transparente, tristeza, uma pessoa paga caro na roupa e nem qualidade tem, fica transparente com umas gotinhas de água! Decido voltar para dentro da piscina, para que não me veja assim.
… - Então? Já estavas com saudades? Voltas-te rápido!
A Rafa e o Kenny aparecem.
Kenny – Mano?
… - Tás cá?
Kenny – Vocês conhecem-se?
Kat – Isso pergunto eu!
Kenny – KittyKat este é o Hache!
Kat – É este atrasado mental que é o teu melhor amigo?
Questiono indignada.
Hache – Mano, não sabia que te davas com meninas mal-educadas, ela tem de lavar a boca com sabão, está farta de me ofender!
Riem os dois, mas eu não entendo qual é a piada.
Kenny – És terrível, deixa-a, anda Kat.
O Kenny estende-me a mão para que eu saia da piscina.
Kat – Alguém que vá pedir roupa à Tara!
Rafa – Já pedi…
Hache – Olha ela! Mandona! Já dá ordens e tudo…
Kat – A sério, Baza!! Sai daqui! Eu vou-te matar!
Ele sai da piscina, com a roupa colada ao corpo definindo bem os seus abdominais.
Hache – Ela acha mesmo que manda.
Solta um pequeno riso.
A Tara chega com toalhas.
Tara – Toma amiga, seca-te eu não arranjei nada que te sirva.
A Tara só usa roupas justas, e devido ao meu peito nada me serve…
Saio da piscina e enrolo-me na toalha.
Kat – Outra noite que vou de roupa interior para casa…
Bufo.
Hache – Ui, mas já é habitual andares assim? Tenho de sair mais vezes para ver esse corpinho!
Mordisca o lábio, enquanto me olha de alto a baixo.
Passo por ele e dou-lhe um valete empurrão que o faz cair na piscina.
Kat – Decora a minha cara, da próxima vez que me vires foge porque eu vou dar cabo de ti! Nem ouses voltar a tocar-me!
Hache – Mano eu gostei dela! É refilona!
Salienta a palavra refilona, com um ar de desdém e desejo
Solto um grito de raiva e vou para a casa de banho.
Seco-me o máximo possível e saio da festa sem que ninguém me veja.
SMS para Kenny.
<<Vim para casa, toma conta dela!>>
Já fiz este caminho milhares de vezes e nunca me pareceu tão grande!
Ouço o som de uma mota. Quando é o meu espanto, ele está parado ao meu lado.
Hache – Consegui reconhecer esse rabo a meio Km de distância!
Ri.
Kat – A sério? Tu novamente? Estás a seguir-me?
Hache – Nossa que convencida!
Sorri fazendo pouco de mim.
Não tenho alternativa vou ter de lhe pedir boleia, ele é amigo do Kenny, mal não me fará…
Kat – Dá-me boleia…
Hache – Eu?
Kat – Estás a ver aqui mais alguém?
Olho em redor.
Hache – Não posso, estou proibido de te tocar, palavras tuas…
Suspiro. Nesse instante aproxima-se um carro. Consigo ver um homem ao volante, na casa dos 35 anos. Faço sinal e ele pára, baixa o vidro e eu aproximo-me.
Homem – Queres boleia boneca?
Consigo sentir a perversidade nas suas palavras.
Kat – Sim.
Homem – Entra querida.
Hache – Vai-te embora!
A sua voz fica grossa.
Homem – Ela pediu ajuda e eu vou ajudar.
Estou a dar a volta ao carro para entrar, mas Hache agarra-me o braço.
Hache – Vai-te embora antes que te parta a boca!
Fica agressivo e o homem não hesita e segue o seu caminho. Ele larga o meu braço.
Hache – Sobe!
Kat – Mas…
Ele lança-me um olhar que nem ouso questionar. Subo para a mota e ele levanta o casaco para me poder agarrar, mas eu agarro-me na parte de trás da mota. Ele olha para mim pelo conto do olho e consigo ver um sorriso no seu rosto.
Hache – Se te agarrares a mim disfrutas melhor da viagem.
Mantenho a minha postura, ele arranca. Pouco tempo depois coloco as mãos por baixo do seu casaco, agarrando diretamente na sua pele, tocando nos seus abdominais. Ele está quente e acabo por encostar a minha cabeça nas suas costas, e dou algumas indicações do caminho.

Ao chegar à porta de casa.
Hache – Ficamos assim o resto da noite ou vais deixar-me tirar essa lingerie?
Kat – Que engraçadinho, nem um nem outro.
Saio da mota.
Hache – Quando repetimos?
Kat – Nunca! Isto foi por pura necessidade.
Hache – Usaste-me?
Faz-se de ofendido.
Kat – Claro que sim.
O Kenny e a Rafa chegam junto de nós.
Rafa – Oh desaparecida!
Kat – Diga.
Kenny – Vocês os dois, juntos?
Hache – Só lhe dei boleia.
Levanta as mãos dando sinal de inocência.
Kenny – Obrigada.
Pisca-lhe o olho.
Os nossos pais juntam-se a nós antes que eu possa entrar em casa.
Mãe – Kat, o que aconteceu ao teu vestido?!
Kat – Caí na pisciana…
Mãe – Ainda te vais constipar!
Hache – Eu disse-lhe o mesmo, mas ela não me fez caso.
Encolhe os ombros.
Se o olhar matasse, ele já estaria morto.
Mãe – Querem entrar?
Kat – Não! Já é tarde!
Respondo o mais rápido possível.
Hache – Fica para uma próxima.
Mãe – Então, uma boa noite meninos. Vocês as duas, não se demorem.
Rafa – Está bem mãe.
Eles retornam a casa.
Hache- Não tens vergonha de mentir à tua mãe? Tu não caíste… tu pediste para eu te meter lá dentro!
Continua a gozar com a minha cara!
Reviro-lhe os olhos.
Kat – Boa noite Kenny!
Hache – Eu volto.
Sussurra-me ao ouvido e respondo com um estalo, apanhando o Kenny e a Rafa de surpresa. Viro-lhes as costas sem observar a reação do Hache e entro em casa num passo acelerado. Tomo um banho, o que ajuda a relaxar toda a tensão e deito-me. Pouco tempo depois, alguém bate à porta.
Kat – Sim…
Murmuro.
Rafa – Posso?
Kat – Sim, entra.
Entra e senta-se na minha cama.
Rafa – Estás bem?
Kat – Sim.
Rafa – De certeza?
Kat – Sim. Agora estou bem, já estou quente na minha cama, não posso pedir mais nada.
Rafa – Ainda bem.
Kat – Ainda bem que passaste por aqui.
Rafa – Porquê?
Kat – Tenho uma coisa para te pedir. Preciso que me encubras.
Rafa – Quando e o com o quê?
Kat - Para a semana vai haver uma prova de Surf…
Rafa – Não te vais baldar as aulas, pois não?
Kat – Não, mas vou para lá antes e depois das aulas. Na realidade vou lá passar o máximo de tempo possível.
Rafa – E essa prova vai ser quando mesmo?
Kat - Próximo sábado.
Rafa – Conta comigo!
Kat – Obrigada.
Rafa – Mas tens de ganhar isso!
Kat – Vou fazer o meu melhor.
Rafa – Sei que sim, não espero menos vindo de ti!
Kat – Mas diz-me o que vieste cá fazer?
Rafa – Conheces o Kenny à muito tempo?
Kat – Sim, já tínhamos falado nisso…
Rafa – E conhece-o bem, certo?
Kat – Sim é o meu melhor amigo, tenho plena confiança nele.
Rafa – E não conhecias o Hache?
Kat – O Kenny já me tinha falado dele, mas nunca nos tínhamos cruzado. Agora se não tens mais perguntas, deixa-me dormir…
Rafa – Vá, foge do assunto.
Kat – Qual assunto?
Rafa – O assunto Hache!
Kat – Desde quando ele é um assunto?
Rafa – Desde que chegas a casa, seminua, com ele.
Kat – Ele apenas me deu boleia.
Rafa – Sim, está bem…

No limite do horizonte 🌊🩰Onde histórias criam vida. Descubra agora