Não se apaixone por uma bruxinha enfeitiçada

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Son Hyejoo é boa em Poções. Ela não é nenhuma aluna exemplar ou algo do tipo — na verdade, é muito comum vê-la faltando a algumas classes —, mas, desde que a professora Park Bom substituiu Choi Minho, seu antigo e completamente insuportável professor de Poções, ela vem frequentando normalmente todas as aulas da matéria.

Outro ponto alto de seu dia é que, desde a mudança de horários e professores, a sonseriana não tem mais que dividir a aula com os alunos da maldita Grifinória. Por Merlin, ela estava cansada de ver todo aquele vermelho e dourado e seus gritos gloriosos depois de terem sucesso em alguma coisa. Agora, há rostinhos fofos com cachecóis amarelos por quase toda a sala e isso é absurdamente satisfatório. Ela consegue suportar a Lufa-Lufa um pouquinho mais graças às duas lufanas que sempre se sentam em sua mesa sem serem convidadas. Além de que os estudantes dessa casa fazem os melhores bolos e doces de toda a escola.

"Não é assim, sua tonta, você tem que amassar a semente, não cortar," Hyejoo diz a Kim Jiwoo. Ela usa esse tom baixo e rouco, natural seu, que intimida as pessoas, mas Chuu, o apelido de Jiwoo, já se acostumou demais com ele para sofrer reações.

"Eu estou tentando, você não está vendo?!" A mais baixa se defende em gestos exagerados, fazendo careta e lutando internamente para não abandonar a tarefa incompleta.

"Você é mesmo uma criança," Hyejoo revira os olhos, afastando-se ao desistir de tentar ajudar. "Uma criança que só sabe gritar."

"Uma criança que vai ter o amor da vida dela apaixonada por ela no final desta aula," Chuu mostra-lhe a língua.

"É isso o que você pretende fazer? Forçar alguém a gostar de você?" Ela levanta as sobrancelhas. "Jungeun só fala contigo para zoar com a sua cara, ou com o seu sotaque. Isso quando ela sequer lembra que você existe!"

"Olha aqui, ela já gosta de mim, okay? Ela só não se deu conta disso... Ainda," Jiwoo defende-se e, se Hyejoo se permitisse ligar um pouco mais, sentiria pena da garota por alimentar esse tipo de pensamento. "Por isso a poção do amor. É só um incentivo!"

Chuu suspira abobada e apoia os cotovelos sobre a mesa, o queixo sobre as mãos. Seu olhar está fixo no rosto pálido do outro lado da sala: a sonseriana de cabelos lisos e castanhos. Seus olhos degradê estão fixos no caldeirão a sua frente e ela se guia sem interesse algum nos livros para completar a tarefa. Sua atitude entrega o quanto não gostaria de estar naquela aula.

"Claro, melhor ideia já inventada," Hye ironiza.

Todos no castelo conhecem bem Kim Jungeun e sua péssima reputação. Mesmo sendo tão nova, ela leva problema a qualquer lugar que vai e sente prazer em incendiar a paz psicológica alheia. Rude é uma palavra dominante quando o assunto é sua personalidade e, para sustentar sua pose inalcançável, ela sempre age como se desprezasse quem junta os pingos de coragem para lhe dirigir a palavra e se fecha em sua concha — não é muito diferente de Son Hyejoo nesse um aspecto.

Ao notar o olhar de Jiwoo sobre si, Jungeun revira os olhos e muda de posição, de modo que nenhuma partezinha de seu rosto pode ser vista da mesa da Kim. A própria Hye, assistindo à cena, segura-se para não rir ao tempo em que Vivi, a outra lufana intrometida, retorna à mesa com suas colheres nas mãos.

"Eu perdi alguma coisa?" Ela pergunta. Hyejoo olha para seu cabelo rosa claro antes de responder. Fazem dois meses agora desde que Vivi cometeu um erro em sua poção e acabou com o cabelo colorido, mas até que o tom combina com ela.

"Apenas Jiwoo sendo uma trouxa apaixonada, nada demais," ela responde e apanha o livro para checar o resto da receita. Tem a impressão de que Jiwoo sussurra algo para Vivi, mas sua atenção está na Wiggenweld quase pronta a sua frente.

Love Cherry Potion (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora