Capítulo 1 - De Volta a Paris

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  O tempo estava mudando. As nuvens tomavam espaço no céu enquanto o sol se afastava lentamente e o vento se aproximava dos prédios de Nova York. A rua estava bem movimentada. Carros passavam a todo tempo enquanto pedestres esperavam sua vez de passar. Adultos e crianças circulavam pela calçada carregando várias sacolas de compras, depois de irem nas liquidações. As pessoas estavam bem vestidas, estavam com a minha marca, os meus modelos, as minhas obras. O meu nome de estilista. Nova York. Eu sentirei saudades.
  Dois anos aqui me tornaram a estilista que eu nasci para ser. Planejei eventos sociais em prestígio a minhas novas coleções. Mas nunca algo internacional, até agora. Recebi um e-mail de Audrey enquanto desenhava uma de minhas peças. A mensagem mostrava a ambição de Borgeois e a oportunidade de expandir meu nome para outros países. Audrey havia planejado um evento rápido, apenas para apresentar as minhas coleções para um modelo local. Contudo, tinha que ser logo esse país? França? É uma viagem de dois dias. O primeiro a preparação do evento e o segundo a apresentação. É rápido, disse a mim mesma. Porém 48 horas podem ser longas e muito nostálgicas.
  Havia prometido que, antes de vir para Nova York,  nunca mais pensaria naquilo, nem mesmo um dia, uma hora, um minuto ou segundo. Nunca mais. Entretanto o que eu li nesse e-mail foi a palavra-chave para abrir a porta que mantia esse segredo morto. “ Será em Paris”...
  Essa cidade desencadeou em carga lembranças pequenas que reagiram como bomba sobre mim. Foram tão rápidas que só compreendi os sentimentos que as memórias passavam. Amor. Raiva. Tristeza. Medo. Afeto e Ruína.
  Me perdi no tempo. Ficava repassando e repassando essas emoções em minha mente até ficar com dor de tanto pensar. Sem saber falei um nome, Adrien, depois outros, Tikki... Um som alto e singular me tirou desse transe. Acordei ofegante e assustada. O barulho ainda está ativo, esfreguei os olhos e lembrei de ser o toque de meu celular. Era Audrey me ligando.
  — Audrey?
  — MARRY! Onde você está? Achei que estava claro que íamos na casa dos Lewies antes de ir na rodoviária.
  — Desculpa Audrey. Tive que me distrair um pouco e fui desenhar um projeto.
  — O que? — falou brava.
  — Quero dizer... Já estou pegando o táxi para os Lewies agora. Te encontro lá.
  — Tá. Assim está melhor. Tchau
  — Tchau.
  Eu havia esquecido completamente disso. Peguei o celular e pedi um táxi correndo enquanto colocava uma roupa apropriada para ir. Desci do prédio e o um carro grande e preto buzinou para mim. Era o táxi.
  Meu apartamento ficava a dez minutos da Casa dos Lewies. Havia entrado muda no carro. Só falei o que tinha que falar ao motorista. Dez minutos. Paris. Meus pensamentos voltaram átona. Torcia para que o motorista falasse alguma coisa, qualquer coisa que disperse minha mente. Mas não ouvi.
  Adrien. Esse nome eu conheço, quer dizer não conheço. Minha cabeça não conhece mais alguma coisa abaixo pulsa por Adrien. Minha cabeça dói. Pensar dói. Essas lembranças, eu acho, me deram enxaqueca. Parece até que sofri algum acidente e perdi parcialmente a memória. E agora ela volta como uma bomba, uma atrás da outra com vários efeitos diferentes. Agora eu via uma escuridão, e lá longe um desenho vermelho com pintas pretas. Acho que era uma joaninha. Mas o que tem haver uma joaninha? Aí! Minha cabeça ainda dói. Entretanto não consigo parar de pensar. Meu corpo estremece se eu não lembrar, minha boca seca se eu não imaginar e minha cabeça dói se eu não sentir. O que tá acontecendo?
  O carro freia, e meus pensamentos também. Pude ouvir uma voz rouca, era o motorista.
  — Moça, a corrida demorou alguns minutos mais por causa do trânsito.
  — Tudo bem. Quanto que era mesmo? — ainda estava desnorteada — Era quinze? — perguntei olhando de relance para a porta da Casa dos Lewies que acabara de abir com Audrey se despedindo.
  — Quinze e noventa centavos.
  — Tá — abri minha bolsa e puxei uma nota de vinte — Toma. Fica com o troco.
  Abri a porta e sai do carro quase em desespero. Arrumei meu cabelo e me virei para a porta que agora estava fechada com Audrey ao lado enfurecido igual a um cachorro rosnando.
  — Marry!
  — Oi...
  — Quantas vez falei para você não chamar um táxi qualquer! Por isso chega atrasada.
  — Desculpa. Não vai acontecer de novo.
  — Não mesmo. Vamos para Paris — pegou o celular e mexeu nele um pouco e voltou a falar — E dessa vez eu chamo o táxi.
  — Tá — minhas palavras saíram como um pedido de ajuda, confuso, mas de ajuda. Eu não queria ir, mas sentia que precisava. Confuso. Como eu disse.
  Bom... Então... De Volta a Paris... Eu acho.

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⏰ Última atualização: Jan 21, 2021 ⏰

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