Well, I think I'm a Odinson

⚡️𝘮𝘦𝘦𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘵𝘩𝘦 𝘥𝘢𝘥⚡️

Ontem eu chorei até dormir, no quarto da minha mãe mesmo. Acordei sem o despertador, talvez por estar um pouco nervosa com o dia de hoje, veja bem, talvez hoje mamãe seja enterrada, e, talvez hoje eu conheça meu pai. Um ponto péssimo e o outro considerado bom.

Decidi levantar antes que dormisse denovo, olhei a hora no meu celular e vi que eram 6:00, logo tia Jane vai passar aqui, tenho que estar arrumada. Fui ao banheiro e olhando no espelho eu encontrei um Melina que até pouco tempo eu não conhecia. Olhos inchados e vermelhos, o rosto mais ainda, cabelos desgrenhados...

Acho que eu nunca tinha sofrido tanto na minha vida, não como estou sofrendo agora. Nunca imaginei perder minha mãe, não antes dela descobrir a doença. Isso mexeu comigo, eu imaginava todos os dias como seria viver sem ela, que me acalmava dizendo que não ia morrer logo, que eu teria tempo. Eu realmente tive, não tanto quanto esperava.

A verdade é que a gente até imagina como é a dor de perder alguém querido, alguém que a gente ama. As vezes eu vía na televisão, o telejornal dizendo que tantas pessoas tinham morrido, eu me colocava no lugar das famílias que perderam seus entes mas nunca imaginei que doeria tanto como agora dói.
Depois de tomar meu banho, eu ainda tinha vontade de voltar a chorar tudo denovo, mas não podia, não agora. Fui para cozinha e coloquei uma roupa simples, calça jeans skinny e um camisão preto, um tênis preto simples e deixei meu cabelo solto mesmo.

Desci para cozinha em busca de algo pra comer, não sinto fome alguma, porém não posso ficar sem comer nada, capaz de desmaiar ou passar mal.
Depois de comer só uma maça, eu fui para sala e aguardei tia Jane no sofá, olhando para o nada. Às 7:00 a campainha tocou, abri e encontrei ela.

—Bom dia, pequena— Ela me abraçou e eu me senti bem, amo o abraço dela.

—Quer entrar? —Ofereci apenas por educação.

—Não, obrigada. Acho melhor irmos logo, sim? — Sugeriu e eu assenti, entrei rapidamente em casa, apaguei as luzes, peguei meu celular e saí, trancando a porta no processo. —Vamos primeiro ao hospital, vou assinar os papéis para liberação do corpo da Angel e logo nós providenciamos o resto. —Ela disse enquanto andávamos em direção ao seu carro mas logo parou e pensou um pouco. —Sabe, acho melhor não te levar para o hospital, não é um bom ambiente principalmente agora. Se importa de ficar com a Darcy? Só até eu sair de lá, logo depois nós vamos falar com seu pai.

—Tudo bem tia, eu fico com ela—Esbocei um sorriso pra ela, que me deixou com a Darcy na porta da casa delas.

Nós entramos e ela me ofereceu de tudo, café, leite, pão, bolacha, biscoito, cookie, e mais um tanto de comida. Mas eu não queria nada. Pouquíssimo tempo depois a campainha tocou e eu achei que fosse a Jane, mas Darcy foi eufórica abrir e logo voltou com um homem que eu não fazia idéia de quem era.

—Ah, essa é a Mel, a garota mais especial do mundo— Darcy disse apontando pra mim, eu ri—Esse é o doido que eu chamo de namorado Mel—Ela apresentou-nos e eu me levantei para apertar a mão do rapaz, meio atrapalhado ele, mas parecia ser gente boa.

—Ian, é um prazer conhecê-la—Ele ofereceu sua mão e eu apertei

—Melina, igualmente — Eu dei um meio sorriso e ele devolveu, Darcy chamou-o para cozinha e ele foi. Os dois ficaram por lá e eu já estava ficando entediada. Peguei meu celular para ver se tinha algo interessante, peguei uma foto minha com minha mãe e coloquei como meu papel de parede, vi algumas fotos que tiramos juntas. Ela aparentava estar tão saudável...

Ela com certeza não gostaria de me ver chorando assim. Primeiro ela perguntaria o motivo do chororô e depois me zoaria, apenas pra me animar. Ela era muito zoeira, sínica e sarcástica, tinha um humor ácido as vezes. Nós estávamos sempre nos zuando mas quando era preciso, ela sabia ser rígida e compreender perfeitamente.
Às 9:00, a campainha tocou denovo e eu tomei a liberdade de abrir a porta. Dei de cara com tia Jane, dei graças a Deus por ela ter chegado, já não aguentava mais esperar.