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Donghyuck cantava. Cantava alto enquanto dançava pelo cômodo semi-vazio. De fundo, uma música melancólica preenchia o ambiente, deixando o clima no local, apesar de tudo, parecer leve. A chuva que caía lá fora, junto a luz de teto um pouco fraca, ajudava um pouco. Donghyuck queria se exibir. Mesmo com uma voz doce e um corpo flexível, ele não era um dos melhores em artes cênicas, mas queria muito se exibir. Queria que o chinês à sua frente, sentado na única cadeira daquele quarto, o olhasse. Sua vontade era que nunca parasse de ser observado pelo mais velho. Gostava da sensação que essa atenção recebida o proporcionava. Era algo mágico, principalmente por ser uma atenção vinda da pessoa que ele ama. É, talvez seja essa a palavra, o termo correto. Donghyuck o ama. Lee Donghyuck ama Huang Renjun, e é algo que o coreano jamais se cansaria de dizer. Era um amor, de acordo com ele, incondicional. Donghyuck daria sua vida por Renjun, daria voltas ao mundo pelo loiro quantas vezes fosse necessário. Tudo isso apenas para deixar claro que o amava.



ㅡ É a nossa música. ㅡ o coreano sorriu. Caminhou de modo calmo, e talvez provocativo, na direção do homem a qual amava mais do que tudo no mundo, literalmente sua razão de levantar da cama todos os dias. Lee tocou suavemente o rosto do chinês, sorrindo por conta da pequena, porém intensa, troca de olhares. ㅡ Lembra de quando ouvimos ela a primeira vez, não lembra? No refeitório da faculdade... foi quando nos conhecemos.



Claro, Huang com certeza se lembrava. Por incrível que pareça, sua mente preservou muitos detalhes daquele dia. Lembrava que foi numa quinta-feira: dia da aula de relações contábeis, a favorita do chinês. Era primavera, ele estava acompanhado de outros dois amigos, discutindo qual era a melhor música da 5 Seconds of Summer, quando viu Donghyuck pela primeira vez. O coreano estava entrando no refeitório, parecia perdido. Seus fios, que estavam num tom castanho bem claro, caíam sobre seus olhos; sua blusa do Metallica, junto a seu jeans escuro, davam um perfeito contraste em sua perfeita pele bronzeada. Donghyuck procurava algo ㅡ ou talvez alguém, não que isso importe ㅡ quando seus olhares se cruzaram. Nenhum dos dois acreditava em clichês, mas passaram a acreditar quando, sim, o tempo pareceu congelar; sim, no meio daquelas centenas de estudantes, eles sentiram como se fosse apenas eles dois; e, sim, seus corações dispararam como se houvessem acabado de correr numa maratona.


A música que tocava? Holding Back the Years do Simply Red. A mesma música que tocava naquele exato momento naquele pequeno quarto. Renjun mais que se lembrava, e queria dizer isso ao coreano. Queria olhar no fundo de seus olhos e dizer que: "sim, eu me lembro!", mas ele não podia. Queria conseguir gritar, para todo o mundo, que: "sim, eu me lembro perfeitamente daquele dia! E queria apagá-lo do calendário!", mas ele não podia.


Huang não podia e, mesmo que pudesse, mesmo que aquela enorme fita não tampasse sua boca, ele também não conseguiria, não arriscaria. Já não possuía mais forças, não conseguia mais gritar, ou chorar. E teme que seja novamente ferido caso tente.


Havia tantas coisas que Renjun gostaria de dizer para Donghyuck. Tantas coisas que gostaria de ter dito, ou então evitado falar. Ele gostaria de ter contado ao coreano, naquele dia na cabine do banheiro, por exemplo, que namorava; gostaria de ter dito, naquele domingo dentro do carro, que precisava entrar e que não poderia ficar lá com ele; também gostaria de ter evitado mentir, nos fundos da universidade, quando falou que havia terminado o namoro; ou evitado dizer que o amava todas aquelas milhares de vezes. Porque Donghyuck achou em Renjun, o amor de sua vida; e Renjun, em Donghyuck, achou o fim dela.

Love Me . renhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora