Três

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Acordei com Alasca pulando em minhas costas.
- Ai, para com isso, Alasca. Não pode fazer isso. - disse eu apontando o dedo para o meio de seus olhos.
- Dicupa - disse ela com dificuldade.
- Como eu amo essa garota - disse eu baixinho enquanto a observava.

Me surpreendi quando notei a altura em que o sol já se encontrava. Pulei do sofá e subi as escadas de dois em dois degraus, porque já estava atrasada para pôr minha mudança no carro. Ashton e eu guardamos nossas coisas e as de Alasca na carroceria da camionete e fomos nos trocar. Pela primeira vez na vida, quando entrei em meu quarto soube que sentiria saudades da cor azul bebê, da minha estante de livros na parede, da minha vista pro pôr do sol, e até do cachorro do vizinho que me importunava durante a madrugada. Me senti uma idiota por não ter aproveitado mais esse lugar que eu achava tão ruim.

Tomei um banho rápido, vesti uma lingerie básica branca, coloquei um jeans rasgado com um moletom bem confortável, calcei um van's cinza, fiz um coque donut bem estiloso e desci. Como mamãe estava ocupada, me responsabilizei por arrumar Alasca, dei um banho nela, e passei todos os artifícios necessários para bebês (talco, colônia, creme...) , coloquei nela um jeans rasgado muito parecido com o meu, um suéter azul claro e um tênis Nike verde água, prendi parte de seus lindos cabelos loiros com um laço azul e tcharam, ela estava pronta e linda, ah, como adoro arruma-la.

Peguei minha mochila em um braço e Alasca no outro, coloquei-a na cadeirinha do meio e sentei do lado esquerdo do carro enquanto eu, Ash e mamãe Whinks esperávamos papai. Assim que ele entrou nós partimos. Estava uma tarde nublada, algo nada comum no mês de junho, mas um bom tempo para pegar uma estrada por 1.615 km até NY. Coloquei meu fone de ouvido e observei os campos que passavam rapidamente pela janela, geralmente essas viagens me fazem pensar. Acabei lembrando do tal Trevor , minha nossa, como ele era lindo e algo nele me fez sentir eu mesma, uma menina mais ousada e audaciosa. Mas eu não tinha tempo para pensar nisso, será que vou fazer amigos na nova universidade? Não sou uma menina tão fácil para fazer amizade, tem uma barreira de tijolos invisível à minha volta, e quando a pessoa começa a me conquistar um tijolo cai e a barreira se estreita. Foi assim com Camz, eu a conheci no ensino fundamental, a professora de artes nos colocou para fazer um trabalho juntas, era desenhar e pintar um campo com girassóis (a menção aos girassóis me fez lembrar imediatamente de Trevor "Incrível" Moritz e estremeci) e nós nos lambuzamos toda de tinta amarela, foi assim o início de nossa amizade, logo fomos confiando uma na outra até que não existe mais barreira, caramba, só agora que fui reparar que Camz não me disse porque não vai à CUNY, quando chegar lá eu ligo pra ela, não quero falar disso com meus pais e irmãos aqui.

A viagem passou mais rápido do que eu esperava, fomos ouvindo musicas, relembrando o passado e rindo bastante, teve até um "milagre" - sorri brincalhona -, Alasca não chorou em nenhum momento.
Finalmente em nosso lar, suspirei aliviada e agradeci a Deus, fui logo ajudando a tirar as coisas do carro e levando Alasca para dentro, tinha um cheiro agradável, uma sensação reconfortante, faz tempo que não sinto isso.

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⏰ Última atualização: Feb 07, 2015 ⏰

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