HOMEZGARD - ZARRY

Robotic Dog

ZAYN

— Está vendo alguma coisa? — Harry sussurrou para mim, segurando firme na escada quebrada onde eu estava me apoiando para enxergar o que havia por trás daquele enorme muro de concreto.

— Está limpo, não tem nada. — disse descendo cada degrau com cuidado, já voltando ao chão e pegando a mochila de volta.

— Okay... Eu vou. — consegui segura-lo pelo braço antes que ele pudesse subir os degraus para pular o muro.

— Não! É arriscado. Deixe que eu mesmo vou.

— Zayn, nós fazemos isso há muito tempo, eu sei tomar cuidado.

— Eu sei, mas... Eu vou com você, sabe do meu medo, não é? — o vi concordar com um sinal de cabeça e dar um leve sorriso, me dando passagem para subir primeiro.

Aquele muro devia ter uns 3 metros de altura e percorria vários quilómetros até Deus sabe onde. Harry e eu estávamos ilhados, vivendo por trás daquele muro, numa região esquecida do mundo. O mundo que nem existia mais, éramos só nós dois agora. Vez ou outra viamos algumas pessoas vagando sem rumo, prontas para morrer, mas o contato não existia, nada ali fazia sentido mais.

Quando enfim subimos o muro e pulamos para o outro lado, torcemos para que nossa presença ali não despertasse qualquer tipo de suspeita. A rua estava vazia e uma leve brisa levava algumas folhas embora, aparentemente estávamos seguros pelo silêncio estabelecido. Os prédios e as locações estavam dominadas pelo mato, a cena bizarra de uma cidade fantasma silenciosa.

Segui com Harry até a porta daquele lugar que um dia foi uma farmácia. Estava muito escuro, apenas alguns feixes de luz solar entravam naquele cômodo completamente empoeirado. Haviam coisas jogadas pelo chão e as prateleiras já não estavam tão cheias como antigamente.

— Eu vou pegar as coisas para o curativo e você procura algum remédio. — concordei com um sinal de cabeça e vi Harry se afastar de mim, sem tirar os olhos dele, preocupado em perde-lo de vista. Eu não podia perde-lo. Pensar naquela possibilidade me assustava, me deixava com medo e aflito a cada segundo que se passava naquela zona de perigo onde estávamos.

Eu só queria que as coisas fossem mais fáceis, mas estava cada dia mais difícil.

Segui até a ala dos medicamentos e procurei por algum que diminuísse a dor. Logo que o encontrei, tratei de encher minha mochila com vários deles, peguei tudo que julguei ser necessário, pois o intuito era nunca mais precisar colocar os pés ali naquele lugar.

— Encontrou alguma coisa? — comentou Harry assim que olhei para o lado ao vê-lo segurando uma sacola com tudo que seria necessário para um kit de primeiros socorros.

— Peguei. Agora podemos ir embora. — disse em um suspiro ao guardar a sacola na mochila.

— Eu dei uma olhada do lado de fora e as luzes estavam piscando por trás de alguns entulhos, eles devem estar por perto. — respirei profundamente com a fala dele, pensando ter sido uma péssima ideia a nossa vinda.

— Quando passarmos pela porta, vamos correr, está bem? — esperei ele concordar calado até que pudéssemos caminhar para longe. Estávamos prestes a sair de trás daquele balcão, até que ouvissemos aquele som tão conhecido soando a poucos metros dali.