Enquanto os cristais de gelo caem sobre a grama verde e áspera do quintal de minha casa, eu leio meu livro de super heróis que minha mãe comprou para mim no natal passado. Não é um dos melhores livros, não sinto nenhum frio na espinha ou borboletas no estômago percorrendo sobre mim enquanto eu o leio. Gosto de livros daqueles que te fazem sentir as mais belas emoções, que te fazem imaginar sobre o além, que te arrepiam dos pés a cabeça.
Meu amigo imaginário, por exemplo. Ele se chama Andyer. O garoto faz eu sentir uma espécie de encantamento estrangeiro e, ao mesmo tempo, plenamente eu mesmo, totalmente protegido em algo familiar.
Bem, acredito eu que deveria me apresentar. Meu nome é Park Jimin, tentarei ser o mais despojado nas palavras possível, assim como sou com Andyer. Vejo que os adolescentes dessa geração não curtem muito a leitura formal. Tenho 19 anos de idade, e sim. Eu tenho um amigo imaginário.
Organização, inteligência e postura me definem. O que é bem o contrário de Andyer. Não foi eu que decretei a personalidade ou quaisquer atitude do meu amigo imaginário. De fato, se a minha pessoa tivesse deveras criado a sua personalidade, eis que seria um amigo digno de estatura, com palavras que saem de seus lábios soando como música para meus ouvidos.
Pode soar meio estranho. Porém, de alguma forma eu consigo visualizar todos os seus traços, sua compostura e o seu cheiro de perfume de cereja. As respostas de Dyer não são nada previsíveis como deveriam ser. Por isso, ele é o meu melhor amigo, e o meu soberano conselheiro. Aliás, já está na hora de dar boa noite para o mesmo.
-Andyer.. Ainda está acordado? -Falei baixinho terminando de guardar o livro chato de super-heróis.
-A-An? o que você quer? -Andyer bocejava e esfregava a mãos nos olhos deitado feito um preguiçoso no tapete grande e peludo que havia no chão do meu quarto.
Meu quarto não era muito espaçoso, e nem muito apertado. As cores das paredes tinham um tom de amarelo-mostarda. Há uma janela de vidro que dá a vista para o quintal da minha casa, e embaixo dela, a minha cama de solteiro, bem confortável e fria.
Meu guarda-roupas de cor branca de frente para á minha cama, e minha escrivaninha onde eu costumo ler próxima a janela. É um quarto agradável.-Nada não. Só queria lhe desejar uma boa noite, mal educado. Vá pegar um agasalho no meu guarda roupa, se não quiser passar frio essa noite.
-Me deixe dormir, ruivinho. eu não sinto frio. Eu só faço parte da sua imaginação, ou já se esqueceu? -Dyer dizia em um tom leve e preguiçoso, já se virando de costas para poder dormir mais. Ele definitivamente odiava quem pertubava suas noites de sono.
-Ei, só estava preocupado com você. Durma bem.
-Também te amo, ruivinho. Andyer respondeu, soletrando cada letra bem baixinho.
Parece estranho, e ao mesmo tempo admirável. Ter um amigo imaginário não é tosco. Está bem mais do que nossa imaginação nos permite alcançar, talvez seja essa uma das qualidades de Park Jimin. Ele não coloca limites para sua imaginação, bem.. a verdade é que o ruivo nunca soube colocar limites em absolutamente nada.
07:43
-Porra, porra, porra! -Eu levantei de minha cama rapidamente com os cabelos completamente bagunçados, ainda com marcas do travesseiro em minhas bochechas.
-Ah, é sério isso? Atrasar no seu primeiro dia de trabalho? Dyer falava com irônia, Enquanto bocejava.
-Não. Fui curto e grosso, não estou com um bom humor para piadinhas sem graça de Andyer. Mas a realidade é que eu realmente estou atrasado pra caralho, eu precisaria estar na cafeteria exatamente as 08:00. E levando em conta que eu ainda tenho que fazer minha higienização matinal, colocar meu uniforme, e fazer todo um trajeto de cerca de 2 quilômetros da minha casa para chegar ao meu trabalho. É, realmente. Eu estou fudido, a lista que preenchi com meu planejamento de trabalho ontem de noite não adiantou de muita coisa.
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Meu amigo imaginário - Jikook
RomanceO incrível mundo de histórias que acontecem somente na cabeça de Park Jimin. Amigos, sonhos, paqueras, amores. Talvez a missão de separar o mundo real do mundo fictício não seja nada fácil para Park.