Seis.

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James

O dia já ia quase a meio e as únicas atividades que eu considerei fazer de produtivo foram pegar no meu caderno de desenhos e vir desenhar para o mesmo sítio onde encontrei a tal rapariga. Agora que recordo esse momento, gostava mesmo de saber quem é e, consequentemente se leu o bilhete que lhe deixei. Assim que verifiquei uma última vez se tinha tudo o que precisava para sair de casa, coloquei os meus auscultadores e meti a minha playlist a dar. A música é sem dúvida das melhores criações do ser humano. Consegue fazer com que entremos num mundo completamente à parte do real e isso é de louvar. Passei uns 30 minutos a andar e, finalmente avistei o tal lago onde depressa me sentei à sombra do pinheiro que se encontrava do seu lado direito.

Depois de ter estado uns bons minutos a desenhar e a deixar que todo aquele ambiente me inspirasse, avistei-a. O meu consciente disse-me para me aproximar dela e meter conversa, afinal não fazia mal nenhum fazer uma nova amizade, certo? Estava curioso com o facto de que se ela leu ou não o papel que lhe deixei naquele dia então levantei-me e aproximei-me da mesma. Sabia que ela não me iria ver logo de repente, pois esta encontrava-se de costas para mim. Ao andar os meus pés faziam demasiado barulho para o meu gosto. Merda, não era suposto estar a fazer tanto barulho. Bufei com tal pensamento e, de repente ouvi uma voz. Era ela.

"Olá? Quem está aí? Podes aparecer é que isto está a tornar-se só estranho." — disse ela, levantando-se. Assim que se levantou, deu de caras comigo pela primeira vez. Meio que se assustou ao ver-me visto que não estava à espera de eu estar já tão próximo dela.

"Olá. Tudo bem?" — disse-lhe, visivelmente entusiasmado.

"Olá, eras tu que estavas a fazer uns barulhos estranhos? É que eu não tenho lá muita paciência para andar a brincar ás escondidas" — disse, pousando a sua pequena mala no chão junto do pinheiro. Estou a ver que temos aqui uma rapariga que, para além de ser bonita tem uma personalidade muito vincada. Gostei.

"Estou a ver que alguém acordou mal-disposta hoje. Observações à parte, sim era eu e desculpa se te assustei. O meu nome é James." — disse-lhe, estendendo-lhe a mão de forma a cumprimentá-la.

"Não faz mal, eu chamo-me Jasmine." — diz, retribuindo o aperto de mão que lhe dei.

"Posso perguntar, sem parecer muito cusco, o que fazes aqui?" — digo, brincando com as minhas mãos em sinal de nervosismo.

"Eu vivo aqui." — retorna.

"Como assim, vives aqui? Não vives no meio do mato, ou vives?" — pergunto, desconfiado e com receio de que a resposta à pergunta que fiz, fosse respondida afirmadamente.

"Não. Vivo mais ou menos a 20 minutos daqui." — diz, revirando os olhos.

"Ah, certo. Por momentos, pensei que vivesses aqui mesmo, no meio do mato." — digo, num tom de brincadeira, com o intuito de quebrar o clima tenso que estava a sentir no ar.

"Como é obvio não iria viver aqui no meio do mato, mas eu tenho de ir para casa. Já está a ficar tarde." — diz, agarrando na sua mala.

"Espera, não vás ainda. Tens o hábito de vir para estas zonas muitas vezes?" — digo, agarrando-lhe no braço com o intuito de a fazer ficar mais um bocadinho.

"Ás vezes, depende dos dias. Agora, desculpa mas tenho de ir. Adeus." — diz, virando-me as costas. Parece-me que é uma rapariga muito reservada, mas sinto que é uma pessoa com um bom fundo.

O dia já estava quase no fim e depois de ter chegado acasa, tomei um banho e fui jantar. Os meus pais falavam entre eles mas eu não estava a prestar atenção nenhuma. A minha cabeça pensava nela, tenhocuriosidade em saber mais sobre si mas a verdade é que fiquei demasiado encantadocom o seu sorriso. Pode ser algo bom mas também pode não ser, só o tempo o dirá.

MágoaOnde histórias criam vida. Descubra agora