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Covarde... Covarde... Covarde...
A cada passo que dou, a minha mente grita essa palavra.
Tenho ciência de que não quis fazer mal a ninguém. O que aconteceu foi literalmente um acidente. Uma terrível coincidência.
Meus sentidos e pensamentos não estavam normais. O suor escorria pela minha pele, meus batimentos cardíacos estavam tão fortes que eu sentia meu peito subir e descer acompanhando o ritmo. Meus pés pareciam ter vida própria.
A culpa era meu juiz, e queria me condenar. Mas as palavras daquele homem rodeavam minha mente, ele era como meu advogado.
Não entendo porque o obedeci. Apenas fiz.
Em meio ao caos na minha mente, encontrei meu ponto de paz, me esperando na porta de casa. Ela abriu os braços, e senti o aconchego e a segurança.
Desabei em lágrimas. E ainda abraçada a mim, minha mãe me levou para o meu quarto.
- Filha, o que aconteceu? A ligação, eu não entendi nada.
- Mãe eu não sei, eu... eu estava lá. E apareceu de repente. Ele...ele me mandou sair dali.
- Ele? Ele quem? Minha filha, alguém tentou algo com você?
- Não, não mamãe. Eu só não consigo falar direito. Eu...eu...
- Tudo bem, eu vou cuidar de você. E quando estiver preparada me contará o que aconteceu. - assenti com um gesto.
Na madrugada, no escuro do quarto, as cenas passavam a todo momento na minha cabeça. Eu criava realidades de como seria se eu estivesse em casa, e não naquele lugar.
Ligo o celular e busco na internet alguma notícia. E como diz o ditado, quem procura acha.
Deslizando meus dedos pela tela, percebi que minha situação era pior do que eu pensava.
E se aquele homem se arrependesse, se quisesse me procurar, se viesse atrás de mim para que eu pague pelo que aconteceu. Eu não prejudicaria somente a mim.
Fui até o quarto da minha mãe, e sentada a beira da cama, velei o seu sono. Podia ver as olheiras no seu rosto. Ela estava cansada.
Tomei uma decisão, e mesmo que não pareça ser o correto no final, por agora era o certo a fazer.
Fechei a porta ao sair. Escrevi uma carta, imprimi a foto da reportagem e coloquei no envelope. Deixei em cima da minha cama.
Peguei minha mala e fui ao guarda roupa. Arrumei tudo.
Busquei na lista de contatos.
Tia Rose.
No terceiro toque ouvi sua voz.
- Jade?
- Tia Rose será que posso ficar um tempo na sua casa?
- Claro, mas... Aconteceu alguma coisa? A Maria está bem?
- Ela está bem. E aconteceu sim, só a senhora pode me ajudar. Vou contar tudo quando chegar.
- Minha vida precisa mesmo de mais emoções. - ela sorria. - E quando vem?
- Hoje mesmo, só falta comprar a passagem pro Rio.
- Está bem, quando chegar na rodoviária mando alguém lhe buscar.
- E quem vai me buscar?
- Não se preocupe, ele vai até você.
-Ele?
-Sim, ele me deve um favor. Só não se preocupa com o mau humor dele, as coisas aqui no Alemão estão mudadas desde que... - ela parou de falar.
- Tia?
- Nada meu amor, faça boa viajem.
- Obrigado tia. Nem sei como te agradecer.
- Mande um beijo pra vadia da sua mãe. - e essa é a tia Rose.
- Ok. - finalizei a ligação.
Comprei a passagem.
Cheguei na Rodoviária.
Meu celular vibra, mas desligo ele.
Embarco no ônibus.
Rio de Janeiro.
Complexo do Alemão estou chegando.
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EU SOU FAVELA
FanfictionNa vida de Cobra, Dono do Complexo do Alemão, não existe a palavra coincidência. Ele faz suas escolhas, ele manda no seu destino, ele tem o domínio em suas mãos. Mas, isso muda quando duas pessoas entram na sua vida sem pedir permissão. Um acon...