Pyjama Pants

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"12/11"

“Querido diário, esses últimos dias foram dias com uma quantidade de sentimentos e emoções que não se podem contar ou explicar. Noite retrasada, por algum motivo, minha cabeça se magoou e ficou tomada por pensamentos tristes; passei a noite em claro, chorando.

De manhã aquele sentimento não havia passado, como eu estava torcendo para ter; aquela casa vazia me entristecia e junto de cada piscada que os meus olhos davam, eu fungava. Os soluços eram ensurdecedores, e o pior de tudo era que eu não sabia ao certo o porquê de tudo aquilo estar me chateando; cada lágrima era um mistério.

Meu celular não parava de vibrar, uma mensagem seguida de outra e em sequência outra. Um pouco irritado com aquele som eu, finalmente, me levantei da cama. De primeira me deparo com o meu reflexo no espelho; além do meu semblante triste, inchado e choroso, meu cabelo também parecia triste, o laranja dele era opaco, sem nada a não ser bagunça; fios para todos os diferentes lados. As mensagens eram todas da mesma pessoa; meu namorado. Mandou trinta e duas mensagens durante o dia, e a última delas, que recém havia chegado,  falava o seguinte: ‘Eu vou ir aí hoje à noite, estou preocupado’. Um pouco desesperado eu respondi: ‘Não venha hoje à noite.’ eu fui sincero e disse o porquê também, antes dele perguntar: ‘Porque eu não quero que você me veja chorando, a minha cara está vermelha e feia’. E o meu medo de ele não me amar mais ajudou nessa resposta. Ele leu em menos de segundos aquelas duas mensagens em resposta a todas as suas, mas não disse nada. Acreditei na possibilidade de ter o chateado com a demora e me pus a chorar de novo. Fui à cozinha, com a visão embaçada, pegar algo para beber; não conseguia mais formar as gotas para escorrerem pelos meus olhos. Me encolhi no sofá e limpei os olhos com a manga do moletom que estava usando de pijama; desde ontem a noite ele e minhas calças de pijama não saíam de mim. Desamparado me estiquei no chão frio, tentando ao menos manter o silêncio da casa; sem soluços ou resmungos. A campainha tocando impediu esse meu objetivo de se realizar, aquele som ecoou pela casa, uma vez, duas, três...minhas pernas não queriam se mexer. Agora, batidas fortes e rápidas na porta me fizeram chorar de novo; o que mais poderia alguém querer de mim? Na força da mágoa eu vou até a porta e, mais uma vez, eu passo aquela manga úmida nos olhos antes de abrir; sentia que assim que o vento da rua passasse por ela eu cairia no chão. Um ser muito alto, vestido de preto estava do outro lado da porta; Tobio, meu namorado. Olhei para cima encontrando seu rosto dentro do capuz preto do moletom, ele estava ofegante. ‘Hinata’ ele diz depois respirar bem fundo. Enquanto meu nome era dito, o chão abaixo dos meus pés ia evaporando; sem nada abaixo de mim eu desabo. O silêncio também não estava mais presente, novos soluços apareceram; meu corpo encontrou líquido para fabricar novas lágrimas. Eu gostei do barulho, aquele rapaz ofegante se agachou até ficar da minha altura, suas enormes mãos seguraram meu rosto no seu meio. Eu ri. ‘ Você veio’. Ele veio de qualquer forma; segurava meus rosto e dizia palavras reconfortantes: ‘Está tudo bem, vai ficar.’ Ele levou filmes para assistirmos juntos, e segurou minha mão até a meia-noite. As cores da televisão iam mudando; ele me puxava e se aproximava até seu braço estar me contornando perfeitamente. Eu senti enfim o ar entrando pelos meus pulmões meigamente, quase como se estivesse se desculpando por ter ficado tanto tempo fora. Eu senti os cantos da minha boca se puxarem em um sorriso antes de adormecer sob o peito aconchegante de Tobio. 

Hoje de manhã eu acordei, com um raio de sol teimoso que vinha da frecha da janela, deitado na minha cama, coberto pelo cobertor. Levantei devagar e no espelho vi que, apesar do meu cabelo estar ainda mais bagunçado do que ontem, meu rosto não estava mais vermelho e choroso. Fiquei vários minutos na frente do espelho, mas não via meu reflexo; estava pensando em outras coisas, como por exemplo: ‘Será que Tobio me trouxe para a cama, ou eu vim sozinho?’. Não lembrava de nada depois de ter adormecido com o carinho que Tobio fazia na minha perna sob a calça de pijama. Meu coração acelerou à lembrança.

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